No último fim de semana, o governo dos Estados Unidos tentou interceptar dois navios relacionados à Venezuela, ampliando sua pressão sobre o país. Esse episódio ocorre em meio a uma sequência de dificuldades enfrentadas pela Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA), a estatal de petróleo, que ainda se recupera de um ciberataque.

    A Guarda Costeira dos EUA apreendeu um supertanker sob sanções carregado com petróleo venezuelano e tentou abordar outros dois navios. Um dos navios interceptados estava vazio e sob sanções, enquanto o outro, um supertanker cheio, seguia em direção à China. A AP informou que novos detalhes sobre essas embarcações não foram divulgados até o momento.

    A atitude dos Estados Unidos tem gerado condenação por parte de autoridades chinesas e venezuelanas, que alegam que essas ações violam leis internacionais. O ministro das Relações Exteriores do Panamá, Javier Martinez-Acha, afirmou que o supertanker Centuries, que voava sob a bandeira panamenha, desrespeitou as regras marítimas e alterou seu nome, desconectando o transponder enquanto carregava óleo da Venezuela. De acordo com a legislação, um país pode cancelar o registro de um navio se determinar que ele não seguiu as normas marítimas.

    A pressão dos EUA sobre o governo do presidente Nicolás Maduro tem se intensificado, com um aumento da presença militar na região e várias operações contra embarcações suspeitas de transportar drogas. Esses esforços já resultaram em um grande número de mortes.

    As recentes interceptações de navios representam um golpe significativo para a PDVSA, que desde 2020 enfrenta sanções que limitaram suas operações comerciais. As dificuldades têm impactado não apenas a produção e exportação de petróleo, mas também a capacidade da empresa de pagar seus funcionários, que enfrentam atrasos nos salários.

    O preço do petróleo também foi afetado. Na tarde de segunda-feira, os contratos futuros do Brent, referência internacional, subiram 2,4%, atingindo US$ 61,94 por barril, enquanto o WTI, referência nos EUA, também registrou aumento de 2,4%, chegando a US$ 57,89. Esses altos preços estão relacionados não só à pressão dos EUA sobre a Venezuela, mas também ao conflito da Rússia na Ucrânia, que levanta preocupações sobre interrupções no fornecimento.

    Apesar das dificuldades, a PDVSA conseguiu realizar exportações limitadas. Recentemente, uma carga de 1,9 milhão de barris de petróleo pesado foi entregue a um navio sancionado sob bandeira de Aruba. Entretanto, o número de superpetroleiros que ainda não partiram aumentou, com milhões de barris de petróleo venezuelano retidos, enquanto os compradores exigem descontos maiores para cobrir os riscos das viagens.

    As relações comerciais com a Chevron, a principal parceira da PDVSA, parecem continuar. A empresa norte-americana conseguiu exportar diversos carregamentos de petróleo venezuelano para a costa do Golfo dos EUA, com autorização do governo dos Estados Unidos.

    Um dos navios, o supertanker Bella 1, que foi alvo da tentativa de abordagem, estava na segunda-feira navegando no Caribe, perto das Bermudas. A Guarda Costeira dos EUA indicou que tentativas de interceptação podem ocorrer de várias formas, inclusive observando as embarcações de perto.

    Os governos da China e da Venezuela afirmaram que as ações dos Estados Unidos são uma violação das normas internacionais e caracterizaram as apreensões como “atos de pirataria.” As tensões entre os países continuam, à medida que se intensificam as sanções e a pressão sobre a indústria petrolífera da Venezuela.

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