O estado de São Paulo enfrenta um longo período de estiagem, o que tem levado várias prefeituras a declarar emergência hídrica e a buscar novas fontes de água devido aos baixos níveis nos reservatórios. Essa situação afeta também as represas das hidrelétricas localizadas na bacia do Rio Grande, que é responsável por 25% da energia elétrica produzida nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. O Operador Nacional do Sistema Elétrico está monitorando a condição das represas.

    Recentemente, a cidade de Mairinque, na região de Sorocaba, recebeu autorização do governo paulista para captar água de um ribeirão ligado à represa de Itupararanga. Essa licença emergencial permite a utilização da água por um período de 90 dias, podendo ser estendida se solicitado pela concessionária local, Saneacqua Mairinque S.A. Com esta nova captação, a vazão prevista é de 270 metros cúbicos por hora, e a operação será contínua.

    Outra cidade afetada foi Várzea Paulista, que também enfrentou problemas de abastecimento. A concessionária responsável, a Sabesp, implementou novos pontos de captação para melhorar a distribuição de água. A empresa se desculpou com a população pela instabilidade no fornecimento, mas informou que a situação já está normalizada.

    Na cidade de Americana, um decreto de emergência hídrica foi emitido no final de setembro devido a problemas no abastecimento, que é feito pelo rio Piracicaba. A prefeitura continua a monitorar a situação e informou que não houve interrupções no fornecimento recentemente. A cidade lançou um projeto para combater perdas no sistema.

    A cidade de Amparo também decretou situação de emergência, citando a redução da captação de água e a consequente diminuição do volume de água potável disponível para a população. Para mitigar o desperdício, a gestão municipal proibiu a lavagem de calçadas e está investindo na melhoria do sistema de saneamento. Um fundo de R$ 40 milhões está sendo aguardado para construir uma nova Estação de Tratamento de Água.

    Em Bauru, que havia enfrentado um rigoroso racionamento desde agosto, a situação começou a se normalizar após chuvas em meados de outubro. No entanto, ainda há monitoramento constante dos reservatórios na região.

    As hidrelétricas da bacia do Rio Grande, localizada na divisa de São Paulo com Minas Gerais, também estão enfrentando desafios. Quatro represas fazem parte desse sistema, e três delas apresentam volumes abaixo de 40%. O reservatório mais crítico é o de Água Vermelha, com apenas 24,5% da capacidade. As empresas responsáveis afirmam que essa situação está dentro do previsto para o fim do período seco e que projetos de recuperação ambiental estão em andamento.

    O Operador Nacional do Sistema Elétrico informou que continua monitorando a situação e pode sugerir ações adicionais em caso de necessidade. Um dos principais desafios durante a transição para a época chuvosa é atender à demanda de energia, especialmente em horários de pico, o que pode aumentar os custos operacionais.

    Em São Paulo e na região metropolitana, a situação hídrica também é preocupante. Em setembro, uma agência reguladora estadual suspendeu novas autorizações de captação nas bacias do Alto Tietê e do Rio Piracicaba. A Sabesp anunciou que sua redução na vazão durante a noite economizou 25 bilhões de litros de água, um volume equivalente ao consumo dos municípios de Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá por dois meses.

    A capacidade do Sistema Integrado Metropolitano, que abastece a capital e arredores, estava em 29,1% nesta semana. Os sistemas Alto Tietê e Cantareira, que são os maiores reservatórios, apresentaram 23,1% e 24,6% de reserva, respectivamente, os menores níveis desde 2015. O governo do estado está buscando investimentos para melhorar a segurança hídrica na Grande São Paulo, incluindo a construção de novas interligações.

    Diante desse cenário, um especialista em recursos hídricos ressaltou a importância de as cidades investirem em projetos de captação de água de forma preventiva, em vez de apenas emergencial. A ideia é evitar crises, buscando soluções sustentáveis para garantir a disponibilidade de água.

    Share.