Descoberta de Insetos Pré-Históricos e teia de Aranha Conservada em Âmbar
Pesquisadores desenterraram uma teia de aranha pré-histórica preservada em âmbar e 26 insetos da era dos dinossauros em uma pedreira na Amazônia equatoriana. Essa descoberta é a primeira do tipo na América do Sul e traz novas informações sobre os ecossistemas de florestas úmidas que existiram há 112 milhões de anos.
Os depósitos de âmbar, localizados na região de Napo, representam o maior achado de âmbar da era Mesozoica já encontrado no continente. O estudo, recém-publicado, destaca artrópodes bem preservados, como moscas, besouros e vespas, além de fragmentos de uma teia de aranha antiga.
A Descoberta dos Insetos e da Teia de Aranha
Os depósitos foram encontrados na pedreira Genoveva, parte da Formação Hollín. Os pesquisadores coletaram 65 amostras de âmbar de arenito saturado com petróleo, que ajudou a proteger e alterar quimicamente o âmbar ao longo do tempo.
No total, 26 espécimes de artrópodes, conhecidos como bioinclusões, foram recuperados, representando pelo menos sete ordens de insetos. As moscas são as mais diversas, com 16 espécimes, que incluem mosquitos e moscas de pernas longas. A presença de certos insetos aquáticos indica que as antigas florestas tinham muitas fontes de água.
O âmbar também preservou vespas de duas famílias e um besouro da família Tetratomidae, que é raro no registro fóssil. Um achado importante foi um fragmento de teia de aranha, com sete fios dispostos em um padrão orbicular, mas sem as gotículas adesivas normalmente encontradas nessas teias.
Análises Químicas e Composição do Âmbar
Análises químicas usando espectroscopia de infravermelho mostraram que o âmbar foi produzido por árvores araucariáceas, ancestrais das árvores de pinho conhecidas hoje. A resina se formou em duas maneiras: ao redor das raízes e em gotas aéreas das troncos e ramos. Somente o âmbar aéreo contém inclusões biológicas.
Fósseis de plantas encontrados ao lado do âmbar sugerem uma floresta diversificada, dominada por coníferas e com uma camada rasteira de samambaias. O local também preservou o mais antigo conjunto de folhas de angiospermas da região noroeste da América do Sul.
Esse achado fornece evidências diretas sobre um ecossistema de floresta úmida e a fauna de artrópodes que existia na Gondwana equatorial durante o Período Cretáceo.
Mudanças no Ecossistema da Pré-História
O ecossistema da floresta encontrada contrasta com outros locais contemporâneos na América do Sul oriental, onde predominavam condições áridas. Modelos climáticos globais indicam que existia um gradiente de precipitação no continente durante o meio do Cretáceo, com áreas mais úmidas a oeste e mais secas a leste.
Curiosamente, não foram encontradas evidências de incêndios florestais na deposição equatoriana. Isso apoia a ideia de que a região tinha condições úmidas que eram desfavoráveis ao fogo. O âmbar se formou durante o Período Resinífero do Cretáceo, entre 125 e 72 milhões de anos atrás, caracterizado pela intensa produção de resina por coníferas.
Embora tais depósitos sejam comuns no hemisfério norte, onde recentemente foram descobertos vários insetos no Myanmar, eles são raros em Gondwana, o supercontinente do hemisfério sul.
Os pesquisadores dataram o âmbar como do Albian, uma fase final do Cretáceo Inferior, com base na ocorrência de grãos de pólen característicos da época. As análises mostraram que as samambaias dominavam a floresta, seguidas por angiospermas, coníferas e gnetófitas.
Compreendendo a Fauna e Flora em Gondwana
Essa descoberta, junto com os restos vegetais nos depósitos de âmbar, amplia nosso conhecimento sobre a fauna e flora de artrópodes na região oeste de Gondwana, durante um período de grandes transformações ecológicas.
Os espécimes coletados irão para o Laboratório de Paleontologia da Escolha Politécnica Nacional em Quito. O estudo envolveu uma equipe internacional de cientistas de vários países, incluindo Espanha, Equador, Estados Unidos e Alemanha.
Futuras pesquisas na Formação Hollín são esperadas, com a possibilidade de novas descobertas de fósseis que podem oferecer mais informações sobre a evolução e a distribuição da vida no hemisfério sul pré-histórico. Essa pesquisa mostrará o quanto ainda podemos aprender sobre o passado distante da Terra.
Esses achados são fundamentais para entender como os ecossistemas evoluíram e se adaptaram ao longo de milhões de anos. As florestas úmidas e diversificadas que existiram em Gondwana nos ajudam a compreender melhor a complexidade das relações ecológicas naquele período.
Além disso, as descobertas também revelam informações sobre as condições climáticas da época. Saber que a umidade predominava na região é um detalhe importante que altera nossa percepção sobre como a vida se desenvolveu na Terra.
Com isso, a ciência nos proporciona um vislumbre fascinante de um mundo que existiu muito antes de nós, e que teve suas próprias dinâmicas e desafios ecológicos. As pesquisas continuam, e cada novo achado nos aproxima mais das respostas que buscamos sobre o nosso próprio planeta e suas antigas histórias.