Odeuropa: Preservando os Cheiros da Antiga Europa
O projeto Odeuropa está se empenhando para documentar, recriar e armazenar os cheiros da Europa antiga em uma biblioteca online acessível. A iniciativa tem como objetivo não só coletar essas fragrâncias, mas também oferecer informações detalhadas sobre elas.
Cientistas acreditam que a Europa do passado poderia cheirar a tabaco ou a remédios experimentais contra a peste. Agora, eles trabalham para identificar mais desses cheiros e arquivá-los em uma biblioteca digital.
Um grupo de cientistas europeus, com especialistas de diversas áreas, incluindo inteligência artificial, se uniu para desenvolver o projeto Odeuropa. Eles buscam identificar e documentar odores característicos da Europa entre os séculos 16 e 20. O objetivo é tornar essa informação acessível ao público e, em seguida, usá-la em museus.
Para entender melhor o que cada período histórico cheirava, os pesquisadores vão focar no desenvolvimento de um sistema de inteligência artificial que possa analisar descrições de cheiros e imagens de itens aromáticos. Eles trabalharão com mais de 255 mil documentos em sete idiomas diferentes.
Essas informações serão usadas para criar uma enciclopédia online chamada “odores europeus”, que incluirá descrições contextuais sobre os cheiros. Essa abordagem moderna poderá trazer um novo olhar sobre a história e a cultura europeia.
William Tullett, pesquisador da Universidade Anglia Ruskin, destaca que, ao analisar textos impressos desde 1500, é possível encontrar muitas referências a cheiros. Esses textos falam de aromas religiosos, como o de incenso, a tabaco e até mesmo ervas usadas para afastar doenças.
Os cientistas pretendem mapear como o significado e o uso de certos odores mudaram ao longo do tempo. Cheiros como o de tabaco, que foi uma raridade no início, rapidamente se tornaram comuns nas cidades europeias.
Tabaco, que tinha origens na América pré-colonial, foi introduzido na Europa no final do século 15 como uma mercadoria exótica. Com o tempo, tornou-se parte do cotidiano, com as pessoas reclamando de seu uso em teatros durante o século 18.
Após identificar os cheiros mais recorrentes dos séculos 16 a 20, os pesquisadores trabalharão com químicos e perfumistas para recriá-los. Isso pode oferecer uma experiência mais rica em museus, onde os visitantes poderão sentir aromas que já estiveram presentes em períodos históricos.
Por exemplo, o Jorvik Viking Centre, em York, já realizou uma experiência semelhante ao recriar cheiros da Europa do século 10 para suas exposições.
Essa iniciativa do Odeuropa pode não só proporcionar um aprendizado mais interativo, como também ajudar as pessoas a compreenderem os aspectos tanto agradáveis quanto desagradáveis do passado olfativo europeu.
Ao explorar os cheiros do passado, o projeto busca trazer à tona a importância das experiências sensoriais na compreensão cultural. Assim, o trabalho desenvolvido pode se transformar em uma ponte entre a história e a sensação de vivenciá-la de forma mais completa.
O que torna o projeto ainda mais interessante é a expertise multidisciplinar envolvida. Historiadores, cientistas e profissionais de tecnologia trabalham juntos na pesquisa e na documentação dos cheiros. Essa colaboração mostra como diferentes campos podem se unir para criar uma nova perspectiva sobre a história.
Além de simplesmente catalogar os cheiros, o trabalho do Odeuropa busca também entender como esses odores influenciaram a vida das pessoas. Por exemplo, qual era o impacto do cheiro de certos alimentos ou remédios no cotidiano? As respostas a essas perguntas podem enriquecer o conhecimento sobre a vida em épocas passadas.
À medida que os cientistas avançam no projeto, a expectativa é que os visitantes de museus possam não apenas ver exposições, mas também sentir os aromas que faziam parte da vida cotidiana de nossos antepassados. Isso permitirá uma conexão mais profunda entre eles e a história.
Além disso, a preservação dos cheiros históricos pode nos ajudar a entender melhor a degradação de objetos e como mantê-los por mais tempo. Os pesquisadores analisam como os cheiros evoluem com o tempo e o que podem nos ensinar sobre a conservação de itens históricos.
A iniciativa Odeuropa propõe um olhar inovador para o patrimônio cultural europeu, transformando a maneira como pensamos sobre a história. Ao explorar o passado através de um sentido pouco considerado, como o olfato, cada um pode descobrir novas dimensões da experiência histórica.
Concluindo, o projeto pode revolucionar a forma como vivenciamos a história. A possibilidade de recriar cheiros históricos não só torna as exposições mais dinâmicas, mas também sugere que a história pode ser sentida, e não apenas lida. Dessa forma, o olfato se torna uma chave para entender melhor o mundo ao nosso redor e os legados que ele nos deixou.
