O Mistério da Bestia de Gévaudan
Entre 1764 e 1767, uma criatura semelhante a um lobo conhecida como a Bestia de Gévaudan aterrorizou as colinas da França. Durante esse período, muitos ataques brutais resultaram na morte de mais de 100 pessoas, e até hoje ninguém sabe ao certo o que realmente era essa criatura.
As Primeiras Atividades da Bestia de Gévaudan
Antes de 1764, a região de Gévaudan era tranquila e isolada, rodeada pelas montanhas Margeride. A vida era pacífica até um dia de primavera. Nesse momento, uma jovem que cuidava de gado teve uma experiência assustadora. Ela alegou que algo tentou atacá-la, descrevendo a criatura como “parecida com um lobo, mas não um lobo”.
Dois meses depois, a situação se agravou. Em 30 de junho, a pastora Jeanne Boulet, de apenas 14 anos, foi atacada e morta enquanto cuidava do gado da família. Os moradores estavam preocupados, mas muitos poderiam ter achado que esses incidentes eram normais, já que a vida no campo poderia atrair predadores. Contudo, em 8 de agosto, mais um ataque aconteceu, e a jovem vítima descreveu a fera como uma “bestia horrível” antes de falecer.
Os ataques continuaram, e um garoto desaparecido foi encontrado parcialmente devorado. Em setembro, mais quatro pessoas foram vítimas, incluindo uma mulher com apenas 36 anos, que morreu perto da segurança de sua casa. A partir desse ponto, a crença de que uma criatura maligna andava solta em Gévaudan se espalhou.
A Caçada à Criatura Misteriosa
Com o medo crescente, os habitantes de Gévaudan uniram forças. Jean-Baptiste Duhamel, capitão local, e Étienne Lafont, um delegado regional, se juntaram a 30 mil voluntários para caçar a Bestia de Gévaudan. Lafont se comprometeu a coordenar o esforço, tentando criar patrulhas permanentes em cada paróquia, mas muitos moradores estavam com medo.
Os que se ofereciam para a caçada recebiam um pagamento de até 25 sous por dia. Lafont convenceu seus superiores a enviar soldados profissionais para ajudar. Com a chegada de outubro, todas as forças policiais locais foram convocadas para apoiar Duhamel. Eles exploraram a área, montaram armadilhas com iscas envenenadas e alguns voluntários até se disfarçaram de mulheres para atrair a criatura.
Entretanto, mesmo quando um grupo de caçadores supostamente encontrou a criatura, falharam em abatê-la. Relataram que a besta era mais astuta e poderosa do que eles. Um jornal local da época descreveu a impotência dos caçadores, alegando que a Beast of Gévaudan era mais rápida e cheia de habilidades que desestabilizavam seus adversários.
Duhamel descreveu a criatura como tendo um corpo largo, comparado a um cavalo, e uma aparência de felino, com pelos avermelhados e uma faixa preta. Uma testemunha chegou a afirmar que a besta poderia andar sobre as patas traseiras. Alguém até sugeriu que a pele da criatura era tão resistente que repelia balas.
Até caçadores de outras regiões, incluindo uma equipe de pai e filho de Normandy, famosos por terem matado mais de mil lobos, não conseguiram sucesso. A Bestia de Gévaudan continuava livre.
A Reação dos Moradores de Gévaudan
Enquanto as histórias sobre a Bestia de Gévaudan se espalhavam, locais começaram a reagir. Em janeiro de 1765, um grupo de crianças, liderados pelo menino Jacques Portefaix, alegou ter espantado a criatura com bastões, ganhando uma recompensa do rei e uma educação paga pela coroa.
Mais tarde, a jovem Marie-Jeanne Valet enfrentou a besta enquanto atravessava o rio Desges com sua irmã. Ao ser atacada, Valet conseguiu ferir a criatura com um baioneta, ganhando fama de “Amazon” e “Donzela de Gévaudan”.
Com o aumento da preocupação, o rei francês, Luís XV, decidiu intervir, enviando seu guarda pessoal, François Antoine, um experiente caçador, em setembro de 1765. Antoine inicialmente teve sucesso ao abater um grande lobo, mas os ataques recomeçaram alguns meses depois, mais ferozes do que nunca.
Os ataques continuaram até 19 de junho de 1767, quando um fazendeiro local, preso por Antoine por tê-lo guiado para um pântano, conseguiu abater outra grande criatura. Ao abrir o animal, encontraram restos humanos em seu interior, indicando que a Bestia de Gévaudan havia sido eliminada, e os ataques finalmente cessaram. Contudo, o enigma por trás dessa história ainda perdura.
O Que Era a Bestia de Gévaudan?
Até hoje, não se sabe ao certo o que aterrorizaram os habitantes de Gévaudan. Existem várias teorias. A mais comum é que a criatura era um lobo, ou uma matilha de lobos especialmente agressivos. Como animais nativos da região, ataques de lobos foram comuns na França entre os séculos 17 e 19.
Porém, muitos que viram a Bestia de Gévaudan diziam que ela apenas “se parecia” com um lobo. Outras teorias sugerem que a criatura poderia ser um animal exótico fugido, como uma hiena ou um leão, que pareceria um monstro para quem nunca tinha visto esses animais.
Duhamel até especulou que a Bestia de Gévaudan poderia ser algum tipo de animal híbrido, afirmando que poderia ser uma “monstruosidade cujos pais eram um leão”. Outra possibilidade que circulou foi a de que a criatura pudesse ser, na verdade, um ser humano. A ideia de que um serial killer poderia estar à solta, atacando crianças e mulheres sozinhas, nunca foi totalmente descartada.
Não saberemos a verdade. Talvez os caçadores tenham abatido lobos agressivos responsáveis pelos ataques, ou a Bestia de Gévaudan simplesmente tenha se escondido novamente nas montanhas.
Independentemente do que realmente aconteceu, a história da Bestia de Gévaudan continua a fascinar e a intrigar pessoas até os dias de hoje, um mistério que persiste através dos séculos.
