As festas de fim de ano, como Natal e Ano Novo, geralmente trazem muita alegria e encontros, mas se você perdeu alguém querido, esse período pode ser bem complicado. A pressão para estar feliz, misturada com as lembranças e a falta da pessoa amada, amplifica a dor emocional. É desafiador lidar com essas datas quando a tristeza está tão presente.
O psicólogo Marco Aurélio Fernandes explica que não existe uma maneira “correta” de viver o luto, especialmente em épocas simbólicas. As festas muitas vezes criam a ideia de que todos devem estar felizes, o que pode ser ainda mais pesado para quem está de luto. Respeitar o que se sente é um passo fundamental para passar por esse momento com um pouco mais de tranquilidade.
O impacto do luto no cérebro
O especialista fala sobre como o luto afeta o cérebro. Durante esse processo, nosso cérebro se adapta à ausência da pessoa que se foi. Ele ativa áreas relacionadas à memória e às emoções enquanto outras partes, que ajudam na concentração e nas decisões, ficam menos ativas. Isso ajuda a entender por que é tão difícil viver momentos como festas quando se está enlutado.
Essa mudança no cérebro explica muitos sintomas que as pessoas sentem. A falta da pessoa querida desafia como funcionamos diariamente, podendo resultar em confusão, dificuldade para focar, perturbações no sono, na memória e até na fome. Além disso, é comum que a reação ao estresse seja maior, com produção excessiva de hormônios do estresse, como o cortisol. Isso não é sinal de fraqueza, mas sim uma resposta natural do corpo tentando se adaptar a essa enorme mudança.
Como passar as festas durante o luto
O psicólogo sugere algumas dicas práticas para enfrentar o Natal e o Ano Novo durante o luto:
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Sinta o que precisa sentir. É ok ter tristeza, saudade e até momentos de silêncio.
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Adequar os rituais. Tente criar novas formas de celebrar as datas, que façam sentido para você.
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Estar com quem te escuta. Ficar perto de pessoas que são acolhedoras, mesmo que seja por um tempinho, pode ajudar.
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Procure apoio. Se as coisas ficarem pesadas demais, buscar ajuda de um profissional pode ser uma boa escolha.
O cuidado emocional nesse período passa por decisões que podem parecer simples, mas que são importantes. Muitas vezes, ficar em casa, viajar, ou até passar o dia de forma mais reservada é o que se precisa.
Como ajudar quem está em luto
Para quem está ao redor de alguém que está passando por luto, a empatia é essencial. Evitar frases como “seja forte” ou “ele(a) gostaria de vê-lo(a) feliz” é o primeiro passo. O principal é estar presente, ouvir e respeitar o que a pessoa está sentindo. Perguntar como a pessoa gostaria de passar o dia pode ser uma grande forma de apoio.
Além disso, é importante lembrar que o luto não tem prazo para acabar. Às vezes, ele pode voltar à tona, mesmo anos depois da perda. Datas comemorativas podem funcionar como gatilhos emocionais. O ideal é acolher sem julgamentos e sem pressa.
Cuidado que vai além das festas
Se a tristeza, o isolamento ou a desesperança se tornarem muito intensos, buscar ajuda profissional torna-se necessário. O acompanhamento psicológico é fundamental para ajudar a transformar a dor da perda e encontrar formas mais saudáveis de viver com a ausência de maneira permanente, não só nas festas.
Por isso, vale a pena cuidar de si mesmo. É um momento de muita intensidade emocional, e ter apoio é sempre algo importante. As memórias vão estar ali, mas é fundamental aprender a lidar com elas para que elas não impeçam de viver. Festas podem ser desafiadoras, mas é possível encontrar um jeito de passar por esse período, respeitando os sentimentos e buscando apoio onde for necessário.
