A História do Saluto Bellamy
O Saluto Bellamy foi um gesto utilizado por escolas nos Estados Unidos entre os anos 1890 e 1942. Esse gesto, criado por Francis J. Bellamy, ficou associado à saudação à bandeira americana.
Quem foi Francis J. Bellamy?
Francis Julius Bellamy nasceu em 18 de maio de 1855, em Mount Morris, Nova York. Inicialmente, ele trabalhou como ministro batista. Mais tarde, ingressou na revista Youth’s Companion, onde encontrou uma oportunidade para criar um texto que unisse os americanos.
A revista, sob a direção de Daniel Sharp Ford, tinha como objetivo colocar uma bandeira americana em cada escola do país. Ford pediu a Bellamy que escrevesse um “juramento” que todos pudessem recitar. Assim, nasceu o Pledge of Allegiance, que inicialmente dizia:
“Eu prometo lealdade à minha bandeira e à República que ela representa, uma nação indivisível, com liberdade e justiça para todos.”
Esse juramento foi publicado na edição de 8 de setembro de 1892 e, no dia 12 de outubro do mesmo ano, aproximadamente 12 milhões de crianças nas escolas recitaram o texto.
O Surgimento do Saluto Bellamy
Junto com o Pledge, também foi definido um gesto de saudação conhecido como Saluto Bellamy. A Youth’s Companion fornecia instruções sobre como os alunos deveriam agir enquanto recitavam o juramento. O procedimento começava quando o diretor dava um sinal. Os alunos ficavam em fileiras, com as mãos ao lado do corpo, virando-se para a bandeira.
Ao sinal seguinte, todos faziam uma saudação militar, levantando a mão direita, com a palma voltada para baixo, alinhando-a com a testa. Os alunos mantinham a mão levantada até chegarem à frase “minha bandeira”, momento em que deveriam girar as palmas para cima, mantendo a posição até o fim do juramento.
Esse gesto se tornou uma parte importante da cultura escolar dos Estados Unidos, sendo adotado por muitas instituições.
Mudanças Históricas e o Saluto
No início do século 20, a ascensão do fascismo na Europa trouxe mudanças. Nos anos 1920, o regime de Benito Mussolini na Itália adotou uma saudação conhecida como “saudação romana”. Alguns anos depois, os nazistas na Alemanha, sob Adolf Hitler, implementaram um gesto similar.
Os americanos perceberam que o Saluto Bellamy era visualmente semelhante aos gestos fascistas, especialmente durante os anos 1930. Isso gerou preocupação, pois alguns temiam que as imagens do saluto poderiam ser usadas como propaganda.
Enquanto alguns defendiam a continuidade do Saluto Bellamy, argumentando que era um gesto próprio dos Estados Unidos, outros queriam a mudança imediata. Com o início da Segunda Guerra Mundial, o Congresso tomou uma decisão definitiva.
A Alteração do Código da Bandeira em 1942
Em junho de 1942, o Congresso dos EUA aprovou a Lei Pública 77-623, que estabeleceu regras para a exibição da bandeira, incluindo a forma de apresentar o juramento. Essa lei dizia que o juramento deveria ser feito em pé, com a mão direita sobre o coração, estendendo a mão na direção da bandeira nas palavras “à bandeira”, mantendo a posição até o final do juramento. Assim, o Saluto Bellamy ainda fazia parte do rito.
Porém, em dezembro daquele mesmo ano, o Congresso mudou suas diretrizes e aboliu completamente o Saluto Bellamy. A nova instrução era para que os americanos recitassem o juramento com a mão sobre o coração.
Mudanças no Juramento
Desde a criação do Pledge of Allegiance, várias modificações ocorreram. Nos anos 1920, a frase passou de “minha bandeira” para “a bandeira”. Durante a Guerra Fria, nos anos 1950, o presidente Dwight D. Eisenhower adicionou a expressão “sob Deus” ao juramento.
Portanto, o texto vigente atualmente é: “Eu prometo lealdade à bandeira dos Estados Unidos da América e à república que ela representa, uma nação sob Deus, indivisível, com liberdade e justiça para todos.”
Controvérsias
A inclusão da expressão “sob Deus” não foi bem recebida por todos. Em 2002, Sally Wright, neta de Francis Bellamy, escreveu um artigo criticando essa adição, argumentando que a tentativa de distinguir a política americana do comunismo atrapalhou a unidade do país em vez de promovê-la.
Atualmente, as crianças americanas ainda recitam o Pledge of Allegiance, mas sem o Saluto Bellamy, em respeito à atualidade e ao contexto histórico que essa saudação trazia.
Conclusão
A história do Saluto Bellamy é um reflexo das mudanças sociais e políticas dos Estados Unidos ao longo do século 20. O gesto, que se tornou um símbolo de patriotismo, foi substituído devido a sua semelhança com saudações associadas ao fascismo. O Pledge of Allegiance continua vivo nas escolas, mas agora com uma apresentação diferente e um foco mais claro na unidade e na diversidade da nação.
Essa narrativa sobre o Saluto Bellamy nos lembra como gestos e símbolos podem carregar significados profundos e, ao longo do tempo, precisam ser adaptados às realidades sociais.
