A Oi, uma das maiores empresas de telecomunicações do Brasil, vive uma intensa crise financeira que resultou em uma série de acontecimentos inéditos em sua história. Em 2016, a companhia foi a primeira a pedir recuperação judicial, um recurso legal para reestruturar suas dívidas. Em 2023, fez história novamente ao solicitar um segundo pedido de recuperação, tornando-se a primeira empresa a fazer isso no Brasil. Em julho daquele ano, também se destacou ao pedir recuperação judicial simultaneamente nos EUA e no Brasil. Recentemente, a situação da Oi se complicou ainda mais quando um pedido de falência foi suspenso a pedido de seus credores.
As falências podem ser suspensas por diversas razões, como erros processuais ou acordos entre empresas e credores. No caso da Oi, o pedido de suspensão partiu do Itaú Unibanco e foi apoiado pelo Bradesco. Esta situação é considerada atípica, pois raramente os credores se manifestam em defesa de uma empresa devedora.
Em uma análise do processo, especialistas destacam que a situação da Oi é complexa. Existem diferentes interpretações sobre se a falência deveria ser decretada. Por um lado, a juíza de primeira instância acredita que a Oi deve ser falida, mas com a possibilidade de continuar operando alguns serviços essenciais. Por outro lado, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro entende que a empresa deve continuar suas operações enquanto se organiza financeiramente.
Os dados mostram que a Oi enfrenta uma dívida de aproximadamente R$ 20 bilhões, com partes significativas devendo ao Itaú Unibanco e ao Bradesco. As dívidas precisam ser quitadas em uma ordem específica, e a liquidação da falência pode prejudicar o pagamento dos credores, uma vez que as dívidas trabalhistas costumam ter prioridade.
A situação da Oi é considerada crítica. A empresa tem uma prova de que não consegue equilibrar suas finanças e está vendendo ativos, o que pode levar à sua extinção. Especialistas acreditam que o futuro da Oi depende de uma reestruturação que permita a venda de suas operações para que outras empresas possam assumir os serviços.
A trajetória da Oi remonta à privatização do sistema de telefonia estatal em 1998. A empresa, inicialmente conhecida como Tele Norte Leste, evoluiu e se tornou a marca Oi em 2002, expandindo seus serviços de telefonia fixa e móvel. Contudo, sua estratégia de crescimento por aquisições resultou em um endividamento significativo.
A Oi já solicitou recuperação judicial duas vezes, a primeira em 2016 e a segunda em 2023, apresentando dificuldades financeiras que resultaram em um longo processo. Durante a primeira recuperação, a empresa vendeu suas operações de telefonia móvel, tentando melhorar sua situação financeira. No entanto, após encerrar esse processo em dezembro de 2022, várias questões jurídicas surgiram sobre a viabilidade de um novo pedido.
Em um contexto onde as recuperações judiciais no Brasil costumam demorar entre três a quatro anos, o caso da Oi se destaca pela sua complexidade e pelo número de decisões judiciais associadas. A crise mais recente teve um agravamento quando a empresa tentou acionar o Chapter 11 nos Estados Unidos.
Atualmente, a Oi está focada em serviços corporativos e, curiosamente, ainda opera os tradicionais “orelhões” no país, um símbolo dos serviços de telefonia pública. Enquanto isso, a empresa não se manifestou sobre os desafios que enfrenta.
