Eleições Presidenciais no Chile: Escolha entre a Direita e a Esquerda

    No próximo domingo, os chilenos irão às urnas para escolher seu novo presidente. A disputa está entre José Antonio Kast, candidato da extrema-direita e já conhecido por tentar a presidência em outras duas ocasiões, e Jeannette Jara, membro do Partido Comunista e ex-ministra do Trabalho. Atualmente, Kast lidera as pesquisas de intenção de voto.

    Os dois candidatos possuem visões bastante diferentes para o futuro do país. Isto faz com que muitos eleitores se sintam pressionados a votar em alguém que não representa totalmente suas crenças, já que a participação eleitoral é obrigatória no Chile.

    Na última quinta-feira, Kast realizou um grande comício na cidade de Temuco, que atraiu milhares de apoiadores, principalmente jovens. Durante seu discurso, ele enfatizou sua agenda voltada para a segurança pública. Ouvindo em meio à multidão, gritos de “Fora comunistas!” ecoavam, e as maiores palmas eram para propostas que envolviam deportações de imigrantes e endurecimento das penas contra criminosos.

    Um jovem eleitor, Benjamín Sandoval, de 18 anos, declarou que seu voto vai para Kast devido às preocupações com a segurança. Ele mencionou a sensação de insegurança crescente no país e atribuiu a culpa principalmente à imigração.

    O Chile enfrenta, nos últimos anos, um aumento significativo na percepção de insegurança, refletido em um relatório global que posicionou o país como o sexto entre 144 nações, em termos de medo de andar sozinho à noite. Embora a criminalidade violenta tenha crescido, as taxas de homicídio começaram a apresentar redução recentemente.

    A imigração ilegal também se tornou um tema central na campanha. Desde 2018, o país acolheu um grande número de venezuelanos fugindo da crise econômica em seu país. Kast, de 59 anos, é conhecido por capitalizar os medos relacionados à segurança e imigração. Ele é filho de um ex-soldado alemão que imigrou para o Chile e tem um histórico familiar ligado a figuras que apoiaram a ditadura de Augusto Pinochet.

    Kast tem uma trajetória que inclui defesas abertas da ditadura, na qual muitos sofreram violações de direitos humanos. No entanto, nesta campanha, ele tem evitado discutir questões polêmicas que prejudicaram suas candidaturas anteriores, como sua posição sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo e aborto.

    Menos focado em sua agenda moral conservadora, Kast tem se concentrado principalmente nas questões de segurança pública e imigração. Além disso, ele propôs a redução de impostos para empresas e cortes de gastos públicos, mas sem detalhar como planeja implementar essas medidas, a não ser pelo desligamento de servidores contratados durante o governo atual.

    Contrastando com Kast, Jeannette Jara, de 51 anos, foi ministra em um governo anterior e é uma figura conhecida pelo seu ativismo em prol de reformas sociais. Sua campanha enfatiza a criação de um rendimento básico universal e propostas para aumentar o salário mínimo, além de medidas para ajudar na aquisição de habitação para os jovens.

    Em seu comício final em Santiago, apoiadores de Jara expressaram sua identidade com as propostas da candidata. Uma eleitora destacou a violência verbal de Kast contra as mulheres como um ponto determinante para não votar nele.

    Se as previsões se confirmarem, Kast poderá se tornar o líder mais à direita do Chile desde o fim da ditadura, refletindo uma tendência regional em que diversos países têm escolhido líderes com agendas semelhantes de direita.

    A eleição no Chile ocorre em meio a um contexto de crescente polarização política e mudança nas prioridades sociais do país.

    Share.