Crise Climática: A Maior Ameaça à Saúde no Século XXI
O calor intenso e a escassez de recursos se tornaram realidades para muitas comunidades ao redor do mundo. Em busca de sombra, muitos enfrentam dificuldades para acessar água potável, enquanto outros lidam com ondas de calor severas e longas esperas em hospitais, que estão cada vez mais sobrecarregados.
As mudanças climáticas estão diretamente ligadas ao agravamento da saúde pública. Eventos climáticos extremos, aumento da temperatura, poluição do ar, surtos de doenças e insegurança alimentar têm contribuído para uma piora generalizada nas condições de saúde da população. Este cenário é um dos motivos pelos quais, desde 2017, o dia 12 de dezembro é comemorado como o Dia Internacional da Cobertura Universal de Saúde.
A relação entre saúde e mudanças climáticas merece destaque. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a crise climática representa a maior ameaça à saúde humana neste século. Estima-se que mais de 3,5 bilhões de pessoas vivem em áreas altamente vulneráveis e que eventos climáticos já causaram centenas de milhares de mortes anualmente, devido ao calor, poluição e doenças relacionadas à alimentação.
A urgência de integrar as questões climáticas à saúde pública se torna evidente, especialmente ao se considerar que o número de dias com temperaturas extremas aumentou em mais de 50% nas últimas décadas. Além disso, a exposição a incêndios florestais duplicou desde 2001 e, em 2022 e 2023, a mortalidade relacionada ao calor alcançou níveis alarmantes. Infelizmente, essas tendências devem continuar a aumentar.
Entre 1970 e 2021, eventos como tempestades e inundações resultaram em mais de 2 milhões de mortes, com grande parte ocorrendo em países de baixa e média renda. O calor extremo se destaca como o principal risco, tendo causado quase 50 mil mortes na Europa em 2023. As projeções indicam que até 2100, cerca de 2 bilhões de pessoas poderão estar expostas a temperaturas extremas, especialmente em áreas urbanas onde o fenômeno das “ilhas de calor” se intensifica.
O problema da poluição do ar também é crítico, com partículas finas levando a mais de 4 milhões de mortes prematuras anualmente. As mudanças climáticas aumentam a frequência de incêndios florestais e prolongam secas, agravando ainda mais a saúde respiratória.
As doenças transmitidas por vetores, como dengue e chikungunya, vêm crescendo devido ao aumento das temperaturas que favorecem a reprodução de mosquitos. Registros recentes indicam números alarmantes de casos, especialmente na América Latina, devido ao ciclo de vida mais acelerado dos vetores e à redução no tempo de incubação dos vírus.
Os sistemas de saúde estão em uma situação delicada. Com muitas instituições operando no limite, a pressão das mudanças climáticas somente intensifica a sua sobrecarga. As ondas de calor superlotam os prontos-socorros, tempestades danificam a infraestrutura hospitalar, enquanto a falta de profissionais de saúde e recursos adequados complica ainda mais a situação.
As áreas mais vulneráveis, como zonas rurais e comunidades carentes, são as mais afetadas. Uma única inundação pode destruir o único centro de saúde de uma região, e uma onda de calor pode esgotar os medicamentos essenciais.
Garantir a cobertura universal de saúde vai além do acesso a serviços médicos; é fundamental que os sistemas de saúde sejam resilientes e capazes de se adaptar a eventos climáticos extremos. Isso inclui criar infraestrutura healthcare que suporte inundações, planos de contingência para falta de energia e sistemas de alerta precoce para ondas de calor.
Em 12 de dezembro de 2025, o tema do Dia Internacional da Cobertura Universal de Saúde será “Custos de saúde inacessíveis? Chega!”, apontando a necessidade de tornar os cuidados de saúde sustentáveis e acessíveis, sem que isso leve as famílias à falência.
Alguns países estão avançando nessa direção. França e Japão implementaram protocolos para lidar com o calor extremo, enquanto Bangladesh e Filipinas estão fortalecendo seus sistemas de saúde em áreas costeiras. Cidades como Medellín, Toronto e Melbourne têm trabalhado para melhorar a qualidade do ar e reduzir as temperaturas urbanas.
Contudo, ainda há muito a ser feito. É necessário um compromisso político e social abrangente para construir comunidades mais resilientes e equilibradas. Embora não seja possível prevenir todos os desastres, a preparação pode ser aprimorada, fatores de desigualdade reduzidos e a saúde do planeta fortalecida. A saúde, assim como o ar que respiramos, não conhece fronteiras.
