Uma pesquisa científica recente revelou a presença de uma população humana até então desconhecida que viveu de forma isolada no centro da Argentina por cerca de 8.500 anos. O estudo, publicado na revista Nature, analisou o DNA de 238 indivíduos que habitaram a região nos últimos 10 mil anos e identificou uma nova linhagem genética, além das já conhecidas dos Andes Centrais, Amazônia e Patagônia.

    Javier Maravall-López, pesquisador da Universidade Harvard, destacou a importância dessa descoberta para a história das migrações humanas na América do Sul. A pesquisa ajudou a preencher lacunas significativas no entendimento da diversidade genética da região. Rodrigo Nores, do CONICET, explicou que a Argentina central era um espaço pouco estudado, e essa população manteve um isolamento genético notável por muitos séculos, interagindo com grupos externos apenas nas bordas de seu território.

    Os pesquisadores ficaram impressionados com a resiliência dessa população, que se manteve geneticamente estável mesmo diante de grandes mudanças culturais, inovações tecnológicas e períodos de seca severa entre 6.000 e 4.000 anos atrás. Apesar da diversidade linguística e cultural da região, a continuidade genética da população foi uma constância observada no estudo.

    Além disso, a pesquisa refutou teorias anteriores que sugeriam migrações da Amazônia para essa área há cerca de 1.300 anos. A análise do DNA de uma mulher que viveu há 10 mil anos revelou uma proximidade maior com povos do Cone Sul do que com as populações do norte da América do Sul, alterando a compreensão sobre as rotas de povoamento do continente.

    Essa descoberta não apenas acrescenta informações valiosas sobre as origens humanas na Argentina, mas também destaca a complexidade das interações entre diferentes grupos ao longo da história.

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