Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP) e do Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (Ccarbon) revelaram que as regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas e à degradação ambiental são aquelas que menos produzem conhecimento sobre a saúde do solo. O Ccarbon é um centro de pesquisa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), localizado na Esalq-USP, em Piracicaba.
A pesquisa indicou um crescimento significativo na produção científica sobre a saúde do solo, com 52% dos artigos publicados nos últimos cinco anos e 74% na última década. Segundo o professor Maurício Roberto Cherubin, essa temática tem atraído atenção tanto de acadêmicos quanto de setores produtivos e iniciativas governamentais.
Cherubin destacou a importância da saúde do solo, que é crucial para várias funções essenciais, como a produção de alimentos, a regulação da água, o sequestro de carbono e a preservação da biodiversidade. Essas funções são vitais para manter o equilíbrio dos ecossistemas e aumentar a resiliência às mudanças climáticas.
Entretanto, os dados mostram que a produção de estudos sobre saúde do solo está concentrada em poucos países, como China, Estados Unidos, Índia, Brasil e na maior parte da Europa. Cerca de 70% das publicações vêm de apenas dez países que costumam colaborar mais entre si na área.
A pesquisa também revelou “pontos cegos”, que são áreas com pouca ou nenhuma investigação sobre saúde do solo. Além da América Central, destaca-se a América do Sul (exceto o Brasil), a África, o Sudeste Asiático e o Oriente Médio. Essas regiões enfrentam desafios graves, como desmatamento intenso, erosão e perda de biodiversidade, e são particularmente ameaçadas pelas mudanças climáticas.
Cherubin ressaltou a importância de abordar esses “pontos cegos” para garantir a segurança alimentar e enfrentar as mudanças climáticas. Ele questionou como é possível avançar nessas questões se as regiões mais afetadas são também as que têm menos informações e investimento em ciência. Isso limita sua capacidade de desenvolver tecnologias para reverter o cenário atual dentro de um prazo viável, considerando a urgência climática.
Para mitigar esse problema, os autores recomendam que a saúde do solo seja incorporada nas agendas nacionais e internacionais. Aumentar os investimentos, fortalecer as redes de pesquisa locais e usar ferramentas de monitoramento simples e acessíveis são algumas das medidas propostas para avançar nesse campo.
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