Belo Horizonte vai sediar, entre a quinta-feira, 14 de agosto, e o domingo, 17 de agosto, a Festa da Luz 2025. Esta edição do evento é a maior já realizada e contará com 13 instalações de arte e luz no centro da cidade. O festival é gratuito e busca celebrar as culturas urbanas através de performances, shows, video mapping e obras inéditas.
Um dos destaques é a instalação da escritora e ativista Amara Moira, que apresenta um letreiro escrito em pajubá, uma língua cifrada utilizada por parte da população travesti e LGBTQIA+. A frase “Aqüenda o edi da mona cá gritando nesse oxó do axé” é um manifesto que ilumina uma linguagem frequentemente marginalizada. Segundo Dandara Rocha, uma mestranda em Direito e pesquisadora trans da UFMG, essa obra é um gesto poderoso, mostrando que os corpos que foram empurrados para as margens estão agora iluminando o coração da cidade.
O pajubá tem suas raízes em línguas africanas, como o iorubá e o nagô, e combina termos ancestrais com gírias urbanas, transbordando de significados que refletem a luta da comunidade travesti. Ele surgiu como uma forma de resistência durante a ditadura e vem sendo utilizado como um código de comunicação e autoafirmação. Dandara ressalta que essa linguagem não é apenas uma forma de comunicação, mas também um modo de pensar e desafiar as normas sociais.
Amara Moira, autora do livro “E se eu fosse puta” e do recente romance “Neca”, que é escrito inteiramente em bajubá, é uma das referências no uso dessa linguagem na literatura. Acadêmicos como o professor Juarez Guimarães Dias observam que sua obra transforma o bajubá em uma ferramenta poética e estética, ampliando seu alcance além das comunidades LGBTQIA+.
A Festa da Luz 2025 tem como tema “Culturas Urbanas” e promete trazer um circuito vibrante que abrange diversas expressões artísticas, como hip-hop, graffiti, funk e dança de rua. O festival busca iluminar edifícios e espaços públicos em Belo Horizonte com arte contemporânea acessível. Além da instalação de Amara, haverá obras de 14 outros artistas que são ícones da cultura brasileira.
O evento é realizado em parceria com várias instituições, incluindo a Casinha, Híbrido, Pública, e conta com o apoio do Governo de Minas e do Governo Federal, além de patrocinadores como a Cemig e apoio de organizações culturais.
A Festa da Luz 2025 não só celebra a diversidade das culturas urbanas, mas também promove a inclusão e o reconhecimento das vozes históricas que compõem a identidade cultural da cidade. É uma oportunidade para todos, independentemente de suas origens, se aproximarem da arte e se reconhecerem nas luzes que iluminam as ruas de Belo Horizonte.
