Brasil terá 80 milhões de idosos até 2075; fraturas por fragilidade somam 405 mil por ano
O Brasil enfrenta um grande desafio com o aumento da população idosa. Estima-se que, até 2075, o país terá 80 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o que representa cerca de 40% da população total. Isso traz a necessidade de uma atenção especial à saúde dessa faixa etária.
Atualmente, cerca de 405 mil fraturas por fragilidade são registradas anualmente no Brasil, um número que deve crescer 60% até 2035. Essa situação é resultado do envelhecimento da população e pressiona as estruturas de saúde, como os serviços de ortopedia. O número de brasileiros com 60 anos ou mais aumentou de 15,2 milhões em 2000 para mais de 32 milhões em 2023, conforme dados do IBGE.
Nos últimos anos, a idade média da população brasileira subiu de 29 anos, em 2010, para 35 anos, em 2022. A expectativa de vida ao nascer também teve um crescimento significativo, alcançando 76,4 anos em 2023 e projetando-se para 83,9 anos até 2075.
Queda dos idosos nas cidades
Um dado alarmante revela que um quarto dos idosos que vivem em cidades sofre quedas. Entre as pessoas com 80 anos ou mais, esse percentual sobe para 45%. A fratura na parte superior do osso da coxa é uma das principais causas hospitalares para os idosos. Aproximadamente 53% deles caem pelo menos uma vez a cada dois anos. Além disso, 75% das mortes acidentais em pessoas acima de 75 anos são resultantes de quedas.
Nesse contexto, a avaliação por profissionais de saúde é fundamental. A tomografia computadorizada, por exemplo, é um exame importante em casos de trauma. Ele permite identificar a extensão das fraturas, ajudando os ortopedistas a planejarem os procedimentos cirúrgicos adequados.
Estudos também mostram que 6% dos idosos morrem durante internações hospitalares após fraturas de quadril. Outros 15% falecem nos três meses seguintes, e a taxa de mortalidade no primeiro ano após a fratura pode chegar a 35%.
A Organização Mundial da Saúde estima que, mundialmente, cerca de um milhão de idosos fraturam o fêmur a cada ano, sendo que o Brasil é responsável por 605 mil desses casos. Quedas são a causa em 90% das fraturas.
Idosos e internações em UTIs
Uma pesquisa publicada analisou 875 casos de trauma ortopédico nos Estados Unidos e revelou dados preocupantes. Pacientes com 70 anos ou mais apresentavam, em média, 3,5 condições médicas prévias. Apesar de o tempo total de internação ser similar entre idosos e mais jovens, os idosos passaram 57,74% do tempo em unidades de terapia intensiva, enquanto os mais jovens estavam nessas unidades por 39,9%.
Essa diferença é preocupante, pois idosos muitas vezes enfrentam complicações médicas adicionais, como delírio e outras condições relacionadas à hospitalização.
Osteoporose: um problema crescente
A osteoporose afeta até 15 milhões de brasileiros e está ligada a fraturas osteoporóticas ao longo da vida. A Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo estima que uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens acima de 50 anos sofrerão fraturas por causa da doença.
Além disso, dados de 2019 mostram que o custo da osteoporose para a economia brasileira é de R$1,2 bilhão por ano, sendo 61% desse valor relacionado à perda de produtividade dos pacientes. A artrose, outra condição comum entre idosos, impacta de 15% a 20% da população acima dos 60 anos, aumentando a demanda por cirurgias.
Avanços tecnológicos na ortopedia
No Brasil, o setor de ortopedia está investindo em tecnologia para lidar com o aumento da demanda. Cirurgias assistidas por robôs, por exemplo, podem oferecer maior precisão na colocação de próteses de joelho. Entretanto, o acesso a essa tecnologia ainda é limitado à rede privada de saúde, principalmente em grandes centros urbanos.
Essas cirurgias robóticas podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes idosos e são vistas como um grande avanço na medicina ortopédica.
Prevenção é fundamental
Especialistas destacam que é essencial investir na prevenção de quedas e fraturas entre os idosos. Medidas simples podem fazer uma grande diferença, como melhorar a iluminação dos ambientes, remover objetos soltos do chão e instalar barras de apoio no banheiro.
A prática de atividade física regular também é importante para fortalecer os músculos e melhorar o equilíbrio. A sarcopenia, que é a perda de massa e força muscular relacionada ao envelhecimento, afeta entre 9% e 67% dos idosos brasileiros. Exercícios de resistência e caminhadas são eficazes para combater esse problema, principalmente em idosos que vivem institucionalizados.
Com um aumento no número de idosos e a necessidade de cuidados específicos, é cada vez mais importante que familiares e profissionais de saúde estejam atentos a essas questões. A educação e a conscientização sobre a saúde dos idosos podem salvar vidas e proporcionar uma melhor qualidade de vida para essa população em crescimento.
