Novas descobertas sobre a fertilidade feminina e o resveratrol

    Pesquisas recentes mostram que um composto natural encontrado na casca de uvas, blueberries e framboesas pode ajudar a melhorar a fertilidade feminina. Esse composto é chamado de resveratrol.

    Um estudo cuidadoso sobre o resveratrol, que é conhecido por suas propriedades anti-idade, anti-inflamatórias e antioxidantes, foi publicado em uma revista científica. Pesquisadores da Universidade Anglia Ruskin, na Inglaterra, trabalharam em conjunto com colegas da Itália, Coreia do Sul e do Hospital Queen Elizabeth, da Inglaterra, para analisar estudos anteriores sobre resveratrol e saúde reprodutiva das mulheres.

    Eles revisaram e juntaram resultados de 24 estudos, tanto em células quanto em humanos, que envolveram mais de 9.500 participantes. O que eles descobriram é que o resveratrol pode melhorar tanto a quantidade quanto a qualidade dos óvulos, que são as células responsáveis pela reprodução.

    Desses 24 estudos, quatro analisaram a quantidade de óvulos maduros. Em dois deles, os pesquisadores notaram um aumento nos óvulos, enquanto em dois outros não houve diferenças significativas. Duas pesquisas também olharam para a qualidade dos óvulos maduros e ambas mostraram que as mulheres que tomaram resveratrol tiveram melhores resultados.

    Uma das possíveis explicações para esses achados é que o resveratrol ajuda a reduzir o estresse oxidativo. Isso protege o DNA mitocondrial, que é importante para as células, e melhora a atividade da telomerase, que ajuda a retardar o envelhecimento celular. O resveratrol também ativa uma molécula chamada sirtuina 1 (SIRT1), que geralmente é reduzida nos óvulos mais velhos, podendo assim ajudar a prolongar a vida ovariana.

    Além disso, o estudo também sugere que o resveratrol poderia ser útil para tratar a infertilidade relacionada à endometriose. Ele pode ter efeitos positivos em mulheres com síndrome dos ovários policísticos e na infertilidade causada pela obesidade. Isso se dá ao inibir processos que envolvem a produção de andrógenos e combater a inflamação e o estresse oxidativo.

    Por outro lado, os resultados sobre aborto espontâneo e taxas de gravidez foram mistos. Em cinco estudos sobre taxas de gravidez, dois mostraram um aumento, dois disseram que não houve diferença, e um reportou uma diminuição entre as mulheres que usaram o resveratrol. Curiosamente, o estudo que mostrou a diminuição nas taxas de gravidez também indicou um aumento nas taxas de aborto espontâneo, enquanto outro estudo não encontrou diferença.

    De modo geral, o resveratrol é visto como seguro quando consumido em quantidades moderadas na alimentação e também em suplementos, com doses de até cinco gramas por dia durante um mês. No entanto, a segurança de doses maiores, especialmente por períodos longos, ainda não está clara.

    Um dos autores do estudo, o Professor Lee Smith, especialista em saúde pública da Universidade Anglia Ruskin, afirmou que a revisão sistemática sobre resveratrol e fertilidade feminina oferece uma visão geral das pesquisas atuais. Ele destacou o potencial do composto em melhorar os resultados reprodutivos e a possibilidade de desenvolver tratamentos menos invasivos usando substâncias naturais.

    Entretanto, os pesquisadores alertam que esses resultados têm suas limitações. Existe um número reduzido de estudos feitos com humanos, assim como a diversidade nos parâmetros de cada pesquisa. Além disso, há uma falta de dados robustos sobre a dosagem e os efeitos colaterais do resveratrol, especialmente em relação a malformações fetais ou defeitos de nascimento.

    Por isso, é necessário realizar mais testes clínicos com participação humana para transformar esses resultados promissores em recomendações práticas para mulheres que desejam melhorar sua fertilidade. Isso inclui orientações sobre a dosagem segura e eficaz do resveratrol.

    Em resumo, as pesquisas sobre o resveratrol são promissoras, mas ainda há um longo caminho a percorrer. As descobertas abrem novas possibilidades para tratamentos naturais, mas é importante que mais estudos sejam feitos para entender melhor os efeitos do resveratrol na saúde reprodutiva das mulheres.

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