Treinar em jejum: benefícios ou riscos?

    A prática de treinar em jejum, que se popularizou com a promessa de queima de gordura, merece uma análise cuidadosa. A lógica por trás dessa ideia é que, sem a ingestão prévia de alimentos, o corpo utilizaria suas reservas energéticas. No entanto, pesquisas recentes mostram que essa abordagem pode não ser tão eficaz quanto se imaginava.

    Um estudo revisou 28 investigações que envolveram 302 adultos saudáveis, conduzido por cientistas de diversos países, incluindo Irã, Reino Unido, Estados Unidos e Brasil. Os resultados indicam que exercitar-se em jejum não apresenta benefícios metabólicos em comparação ao treinamento realizado após a alimentação. Os pesquisadores descobriram que essa prática não melhora a utilização de glicose ou gordura como fonte de energia.

    Entretanto, a pesquisa deixou de lado fatores importantes, como os tipos de refeições feitas antes do exercício e o nível de condicionamento dos participantes. Além disso, a variação nos tipos de exercícios estudados pode influenciar os resultados.

    Muitos especialistas destacam preocupações em relação ao treino em jejum, principalmente para atividades de alta intensidade ou para pessoas que têm predisposição a crises de hipoglicemia. O médico do esporte Carlos Alberto Werutsky, que é também nutrólogo, ressalta que praticar exercícios sem se alimentar pode trazer mais riscos do que benefícios, afetando tanto o metabolismo quanto a performance.

    Werutsky alerta que, conforme a intensidade e a duração dos exercícios aumentam, especialmente para pessoas com menor condicionamento físico, os riscos de hipoglicemia, tontura, desidratação e cãibras são mais altos.

    Para garantir uma prática esportiva segura e eficaz, é fundamental que as pessoas consultem médicos e nutricionistas antes de iniciar uma rotina de exercícios. O corpo necessita de energia para ter um bom desempenho e se adaptar aos treinos. Sem a necessária “combustível”, os resultados podem ficar comprometidos.

    A Importância da Alimentação Pré-Treino

    Comer antes do treino é, na verdade, considerado uma boa prática. Uma refeição adequada ajudará a pessoa a se exercitar com mais energia e a obter melhores resultados. O ideal é que essa refeição seja rica em carboidratos de fácil digestão, evitando alimentos com alto teor de gordura e fibras, que podem causar desconforto.

    O tempo de ingestão do alimento deve ser ajustado conforme a tolerância de cada um, para que não ocorra mal-estar durante o exercício.

    Algumas boas opções para uma refeição pré-treino incluem:

    • Pão com queijo branco e geleia
    • Banana com aveia e mel
    • Iogurte com fruta e granola
    • Macarrão com molho de tomate

    Após o treino, é essencial fazer refeições que ajudem a repor as reservas de glicogênio, promovendo a recuperação muscular e otimizando a síntese de proteínas. Boas opções para esse momento incluem:

    • Arroz, feijão e carne magra
    • Omelete com pão
    • Iogurte com frutas e aveia
    • Shake de whey protein com frutas

    Em resumo, a alimentação adequada antes e depois dos treinos é fundamental para garantir um desempenho otimizado e a recuperação muscular.

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