O consumo de bebidas alcoólicas tende a aumentar durante as festas de fim de ano, em parte devido às confraternizações e encontros familiares. Esse crescimento é motivo de preocupação para a psiquiatra Alessandra Diehl, que faz parte de um conselho dedicado ao estudo do álcool e outras substâncias. Ela alerta que esse aumento no consumo pode trazer riscos à saúde física e mental, além de afetar negativamente as relações sociais.
Diehl menciona que, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, não existe uma quantidade segura de álcool. Isso significa que até pequenas doses podem causar danos.
Riscos Imediatos
Durante as festas, ocorrem diversos problemas relacionados ao consumo de álcool, como quedas, intoxicações e a falta de supervisão sobre crianças quando os adultos estão alcoolizados. A psiquiatra aponta que o número de atendimentos a crianças que ingerem bebidas alcoólicas aumenta nos serviços de emergência pediátrica, em boa parte devido à distração dos responsáveis.
Além disso, a especialista observa que crescem os casos de agressividade e os riscos de combinações perigosas entre álcool e medicamentos.
Comportamento e Conflitos
O consumo de álcool também pode levar à perda do juízo crítico. Isso resulta em comportamentos arriscados, como dirigir sob efeito da bebida, além de aumentar as chances de conflitos familiares e comportamentos agressivos. Para aqueles que já enfrentam problemas com álcool, o período de festas é ainda mais arriscado, pois a oferta abundante de bebidas e a glamorização do álcool na cultura podem levar a recaídas.
Saúde Mental
Diehl comenta que a bebida não deve ser o foco das celebrações. A idealização do álcool pode afetar negativamente pessoas que já lidam com questões emocionais, especialmente durante um período que, por si só, pode ser difícil para muitos. O uso do álcool como uma forma de lidar com tristezas, ansiedades ou frustrações pode, na verdade, agravar sintomas de problemas emocionais, como ansiedade e depressão.
Álcool e Juventude
Outro ponto importante é o aumento do consumo de álcool entre os adolescentes. Dados recentes mostram que, enquanto o consumo entre adultos diminuiu, a ingestão pesada entre os jovens aumentou. Entre adultos, a proporção de quem bebe regularmente caiu de 47,7% em 2012 para 42,5% em 2023, enquanto entre menores de idade, subiu de 28,8% para 34,4%.
Os adolescentes tendem a não ter a noção de consumir álcool com moderação, e a legislação proíbe a venda e o consumo por esse grupo. O cérebro em desenvolvimento nessa faixa etária é vulnerável a danos significativos causados pelo álcool.
Papel da Família
A psiquiatra critica a atitude de algumas famílias que permitem ou até incentivam o consumo de álcool em casa, acreditando que supervisionar torna a situação mais segura. Ela descreve essa perspectiva como permissiva e equivocada. Para prevenir problemas relacionados ao álcool entre adolescentes, é essencial que as famílias adotem uma postura ativa, transmitindo mensagens claras de que o álcool não deve ser o centro das comemorações, sempre estabelecendo limites e proteção.
Com essas observações, forma-se um panorama mais claro sobre o impacto do consumo de álcool, especialmente em momentos festivos, e sua influência não apenas na saúde individual, mas também nas dinâmicas familiares e sociais.
