A partir do dia 30 de outubro, o filme “Aprender a Sonhar” começará a ser exibido em Irecê, Teixeira de Freitas, Teófilo Otoni e Caratinga, cidades no interior da Bahia. O longa, que teve sua estreia em Salvador no dia 2 de outubro, aborda o impacto das políticas de cotas na vida de jovens negros e indígenas que lutam para entrar e se formar no ensino superior.

    Dirigido pelo cineasta baiano Vitor Rocha, o filme foi gravado entre 2016 e 2023, um período que se seguiu à implementação da Lei de Cotas (12.711/2012). A produção mostra os desafios enfrentados por estudantes negros, indígenas e quilombolas em sua busca por um espaço nas universidades, sem abdicar de suas raízes e saberes tradicionais.

    Rocha destaca que a política de cotas permitiu que, atualmente, mais de 50% dos estudantes nas universidades sejam pretos, pardos ou indígenas. Ele menciona que isso possibilitou a inserção das cosmovisões desses grupos na discussão acadêmica, contribuindo para o enriquecimento do conhecimento nas instituições.

    O diretor também lembra que o documentário foi filmado em um momento político complicado, quando muitos direitos estavam ameaçados. Apesar das dificuldades, as gravações documentam a resistência e a luta constante desses jovens pela manutenção e defesa dos seus direitos.

    O filme apresenta uma narrativa poética sobre a vida de diversos personagens e suas tradições. Segundo Rocha, “Aprender a Sonhar” funciona como um megafone que amplifica as lutas contra injustiças históricas, como a colonização e a escravidão, evidenciando que essas questões ainda são atuais e que existe resistência.

    Entre os protagonistas, a história de Taquari e Tamiwere Pataxó ilustra que cursar Direito não significa afastar-se da cultura ancestral. Nadjane Cristina, que vive na ocupação Quilombo Paraíso, em Salvador, se formou em Serviço Social e usa essa formação para lutar por justiça e igualdade racial. Marina Barbosa, uma médica do Quilombo Quenta Sol, no sertão baiano, combina conhecimentos científicos com saberes tradicionais, enquanto Ana Paula Rosário, jovem negra de Itabuna, transforma suas experiências em pesquisa e ativismo nas Ciências Sociais.

    Produzido pela Caranguejeira Filmes e distribuído pela Abará Filmes, “Aprender a Sonhar” conta com o apoio da Lei Paulo Gustavo Bahia e do Ministério da Cultura. O longa é uma expressão do cinema independente baiano, que dialoga diretamente com as lutas sociais e ancestrais.

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