Guillermo del Toro, renomado cineasta mexicano e vencedor de três prêmios Oscar, lançou sua mais recente obra, “Frankenstein”. Em uma entrevista no hotel St. Regis, na Cidade do México, Del Toro compartilhou que a inspiração para suas histórias vem de suas memórias, traumas e monstros preferidos da infância. Ele recorda que, aos 11 anos, fez uma bicicleta até um supermercado onde comprou um livro de Mary Shelley. Nesse momento, fez a promessa de que um dia adaptaria a história para o cinema.

    Cinquenta anos depois, e agora com 61 anos, elerealiza esse projeto de forma significativa, especialmente em seu país natal, o México. Del Toro afirmou que a realização de “Frankenstein” lhe proporcionou a oportunidade de “exorcizar” sua própria história e explorar aspectos que moldaram sua vida.

    A adaptação de “Frankenstein” busca preencher lacunas biográficas da escritora Mary Shelley que não foram abordadas anteriormente. Del Toro enxerga a obra como uma autobiografia da autora britânica, refletindo temas como relações familiares complicadas e a influência da guerra na literatura romântica. Ele descreve o romantismo como um movimento que reconhece a interseção entre a morte e o amor, e que desafiou as convenções sociais da época.

    A produção de “Frankenstein” enfrentou dificuldades financeiras e ceticismo ao longo de mais de 20 anos. Assim como em sua adaptação anterior de “Pinocho”, Del Toro foi inicialmente desencorajado por muitos antes que a Netflix o apoiasse. O lançamento do filme ocorreu em um local significativo, o Antigo Colégio de San Ildefonso, que remete à história e à cultura do México.

    Para Del Toro, a narrativa humana é dominada por “famílias quebradas”, onde faltas de amor na infância resultam em tragédias. Ele assinala que, em sua obra, reflete a luta interna dos personagens, como a de Victor Frankenstein, que tem um desejo profundo de criar, mas acaba enfrentando os horrores de sua própria criação. A nova adaptação também traz uma visão inédita sobre a criação do monstro, apresentando esse momento como uma celebração ao invés de um ato de terror.

    Durante a estreia, del Toro foi recebido como uma celebridade, conversando e interagindo com fãs e convidados, antes e depois da exibição do filme. O cineasta, em meio a um mundo que cada vez mais se volta para a digitalização, defende a arte que é verdadeiramente “feita por humanos para humanos”. Ele enfatiza a importância do trabalho artesanal e da criatividade arraigada na cultura mexicana, afirmando que sua abordagem ao cinema é única e inconfundível.

    Após a exibição, Del Toro, junto com os protagonistas Oscar Isaac e Jacob Elordi, participou de uma conversa francamente descontraída. Apesar das barreiras linguísticas, os diálogos fluíram em espanhol e inglês, refletindo um ambiente amigável e próximo entre os artistas e o público.

    Com sua experiência anterior em Hollywood, Del Toro aprendeu a lutar por sua visão e garantir que suas ideias não sejam comprometidas. Ele expressou a necessidade de grandeza nas ideias por trás do cinema, valorizando a contribuição de todos os envolvidos em seus projetos, enfatizando que eles buscam criar experiências cinematográficas memoráveis para o público.

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