Amigos, fãs e colegas se reuniram na manhã de sexta-feira (26) para se despedir da atriz Teuda Bara, uma das fundadoras do Grupo Galpão, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Teuda faleceu na quinta-feira (25) após permanecer internada desde 14 de dezembro no Hospital Madre Teresa.
A cerimônia de despedida teve início pela manhã e seguiu até as 15h, com o sepultamento marcado para as 17h no Cemitério da Colina. Durante a despedida, um familiar compartilhou suas lembranças sobre Teuda, destacando sua força, generosidade e criatividade.
O filho dela, Admar Fernandes, comentou sobre a energia da mãe. Ele a descreveu como uma mulher sempre ativa, envolvida em novos projetos. “Era mãe generosa e acolhedora. Costumo dizer que tenho muitos irmãos, tantas pessoas que ela ajudou”, contou.
Teuda havia retomado recentemente a peça “Nós”, que haviam produzido juntos há dez anos. Em 13 de dezembro, eles se apresentaram, mas no dia seguinte, ela começou a se sentir mal e decidiu ir ao hospital, o que levou ao cancelamento dos shows.
O ator Chico Pelúcio, também do Grupo Galpão, expressou a tristeza pela perda, afirmando que a ausência de Teuda deixa um grande vazio no grupo. Ele ressaltou a intensidade e a presença forte que ela tinha em tudo que fazia.
Como uma forma de exemplificar a partida dela, Chico fez uma comparação. “É como se todos estivéssemos em um barco e Teuda, que era muito pesada, pulasse para fora. Isso desestabilizaria tudo e teríamos que nos reorganizar emocionalmente”, disse.
A atriz Lydia Del Picchia também comentou sobre a falta que Teuda fará. Segundo ela, a colega tinha uma presença marcante e uma energia única. “Teuda amava o teatro. Ela sempre dizia que, se não pudesse mais atuar, não queria mais viver”, lembrou Lydia.
Mesmo com 84 anos, Teuda não se deixava abater. Lydia contou que tentavam convencê-la a descansar, mas ela seguia firme em seu caminho. “Era imparável, como um trator”, comentou.
Teuda Magalhães Fernandes nasceu em 1º de janeiro de 1941, em Belo Horizonte. Filha de um militar que era também músico e de uma enfermeira que tinha talento para cantar, Teuda nunca fez um curso formal de teatro.
Ela estudou Ciências Sociais na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e participou de grupos de teatro-jornal durante a faculdade. Desistiu do curso para trabalhar com o diretor Eid Ribeiro e, mais tarde, voltou a Belo Horizonte para se envolver em oficinas de teatro.
Essas oficinas foram fundamentais na formação do Grupo Galpão, que se tornaria uma referência no teatro brasileiro. Ao longo da carreira, Teuda atuou em várias montagens teatrais, incluindo “Álbum de Família”, de Nelson Rodrigues, e o solo “Luta”.
Recentemente, ela estava se preparando para a peça “Doida”, que seria apresentada no Sesc Palladium em Belo Horizonte. No entanto, no dia da segunda apresentação, ela precisou ser internada.
Na televisão, Teuda participou de comédias como “Toma Lá, Dá Cá” (2008) e “Filhos da Pátria” (2017). Também foi parte do elenco da novela “Meu Pedacinho de Chão” (2014).
No cinema, seu talento pode ser visto em filmes como “O Menino Maluquinho” (1995), “Vinho de Rosas” (2005) e “O Palhaço” (2011).
Teuda deixa dois filhos, André e Admar, e um legado de dedicação à arte, especialmente ao teatro. Sua partida deixa um grande espaço na cultura e na vida de quem teve o privilégio de conhecê-la. Sua história e suas contribuições continuarão a inspirar gerações futuras no Brasil.
