Na primavera passada, uma professora da Wharton School da Universidade da Pensilvânia, Shiri Melumad, conduziu uma experiência com 250 participantes. A tarefa era simples: dar conselhos a um amigo sobre como adotar um estilo de vida mais saudável. Para isso, os participantes foram divididos em dois grupos. Um deles utilizou o Google para pesquisa, enquanto o outro apenas se baseou em resumos gerados por inteligência artificial (IA).
Os resultados mostraram que os participantes que utilizaram a IA escreveram dicas genéricas e pouco úteis, como “coma alimentos saudáveis” ou “mantenha-se hidratado”. Em contraste, aqueles que realizaram pesquisas tradicionais no Google ofereceram conselhos mais detalhados e diversos, abordando aspectos físicos, mentais e emocionais do bem-estar.
Essa experiência destaca uma grande discussão sobre o impacto da IA na capacidade de pesquisa e redação. Enquanto a indústria da tecnologia promete que ferramentas de IA melhorarão nosso aprendizado e produtividade, Melumad alerta que dependência excessiva desses recursos pode reduzir nossa capacidade de criar e reter conhecimento. Outros estudos acadêmicos corroboram essa preocupação, indicando que o uso regular de chatbots pode ser prejudicial à aprendizagem.
Contemporaneamente, a Academia está preocupada com a baixa nas habilidades de leitura dos jovens. Os resultados de avaliações nacionais revelaram que estudantes, especialmente do oitavo ano e ensino médio, apresentam desempenho cada vez mais baixo. Esses dados foram coletados após a pandemia de Covid-19, que aumentou o tempo de tela entre os alunos.
Pesquisadores também têm notado uma possível ligação entre o uso frequente de redes sociais e a diminuição do desempenho cognitivo. Um estudo recente analisou a relação entre uso de aplicativos como TikTok e Instagram e o desempenho escolar, mostrando que crianças que passaram mais tempo nesses ambientes digitais apresentaram notas piores em testes de leitura, memória e vocabulário.
Diante desses dados, especialistas sugerem que uma forma de utilização mais saudável da tecnologia seria estabelecer limites de uso. Criar zonas livres de tela em casa, como no quarto ou à mesa, pode auxiliar os jovens a se concentrarem melhor em estudos e atividades essenciais.
Quanto às ferramentas de IA, Melumad recomenda que sejam vistas como um complemento ao aprendizado, e não como a base dele. Um estudo do MIT observou que estudantes que usaram IA apresentaram menor atividade cerebral e dificuldade em relembrar o que escreveram. Por outro lado, aqueles que confiaram em suas memórias mostraram mais eficiência.
Portanto, para um aprendizado mais eficaz, consideram-se práticas como iniciar o processo de pesquisa de forma tradicional e, depois, utilizar ferramentas de IA para confirmar ou expandir informações específicas. Leituras profundas, por sua vez, continuam sendo importantes para a construção do conhecimento claro e duradouro, sugerindo que o equilíbrio entre tecnologia e aprendizado humano é fundamental.
