A Identidade da “Menina com Brinco de Pérola”

    Um especialista em arte acredita ter descoberto a identidade da famosa “Menina com Brinco de Pérola”, uma obra-prima do pintor holandês Johannes Vermeer, criada por volta de 1665. Essa pintura tem gerado especulação e debate por séculos, especialmente sobre quem seria a jovem retratada.

    Tradicionalmente, acredita-se que a garota poderia ser filha de Vermeer ou até mesmo sua servente. No entanto, Andrew Graham-Dixon, um historiador da arte, apresenta uma nova teoria. Ele sugere que a jovem retratada era, na verdade, a filha dos patronos de Vermeer, Pieter Claesz van Ruijven e Maria de Knuijt.

    A Nova Teoria de Graham-Dixon

    Em um artigo publicado em um veículo de notícias, Graham-Dixon discute as principais teorias sobre a identidade da jovem. Ele argumenta que a pintura foi feita para seus patronos, então a jovem deve ter alguma relação com eles, e não com a família do artista.

    A garota da pintura aparenta ter cerca de 12 anos. Isso levanta a questão: se a filha mais velha de Vermeer nasceu em 1654, ela estaria na faixa etária correta. No entanto, Graham-Dixon acredita que Vermeer não escolheria sua própria filha para uma obra destinada a outro casal. Assim, ele sugere que a menina pode ser Magdalena van Ruijven, filha dos patronos.

    Magdalena nasceu em 1655, logo, também tinha 12 anos por volta de 1667, quando a pintura pode ter sido finalizada. Seus pais eram muito religiosos e pertenciam a um grupo evangélico chamado Remonstrantes. Nessa idade, Magdalena provavelmente tinha alcançado a idade para o batismo, o que pode ter motivado a pintura como uma forma de marcar esse rito de passagem.

    A Simbologia por Trás da Obra

    Graham-Dixon também afirma que o simbolismo principal da “Menina com Brinco de Pérola” é de natureza bíblica. Ele acredita que Magdalena representa Maria Madalena. Essa conexão é reforçada pelo fato de Magdalena ter sido nomeada em homenagem a Maria Madalena, uma figura respeitada pelos Remonstrantes.

    Além disso, Vermeer já havia se inspirado na história de Maria Madalena em outra obra, “Uma Empregada Dormindo”. Isso indica uma continuidade na temática religiosa presente nas pinturas encomendadas por seus patronos.

    O historiador argumenta ainda que a expressão enigmática da “Menina com Brinco de Pérola” reflete um momento delicado. Vermeer estaria retratando Maria Madalena ao entrar no túmulo de Jesus e se deparar com sua forma ressurreta. A jovem não compreende de imediato o que vê, mas rapidamente percebe a verdade.

    Divergências e Críticas

    Apesar da teoria de Graham-Dixon, nem todos concordam com suas conclusões. Ruth Millington, autora que estuda a história da arte, argumenta que a pintura não representa uma única pessoa real. Ela sugere que a arte nem sempre possui um caráter biográfico.

    Millington enfatiza que teorias sobre a identidade da jovem têm circulado há muito tempo. Especialistas, como a Dr. Judith Noorman, já levantaram questões semelhantes, sugerindo que a filha do patrono poderia ser a verdadeira “Menina com Brinco de Pérola”.

    Conclusão

    A identidade da “Menina com Brinco de Pérola” continua a intrigar pessoas ao redor do mundo. A teoria de que a jovem é Magdalena van Ruijven oferece uma nova perspectiva sobre a pintura, mas o debate continua vivo. A arte muitas vezes provoca questionamentos e provocações. Assim, manter o mistério vivo em torno de obras-primas como essa é parte do que torna a arte tão fascinante.

    No fim das contas, a “Menina com Brinco de Pérola” não é apenas uma obra de arte. Ela é um convite à reflexão sobre identidade, fé e relações humanas, temas universais que ressoam por gerações. E, independentemente de quem realmente tenha posado para Vermeer, a beleza da obra fala por si mesma.

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