A Identidade de Alice Spence: A Mulher do Poço

    Há quase 20 anos, a polícia do Canadá encontrou os restos mortais de uma mulher, que foi conhecida como a “Mulher do Poço”. Essa mulher faleceu há mais de um século, mas, graças a testes de DNA e genealogia genética, ela foi identificada como Alice Spence, nascida como Burke. Acredita-se que ela tenha se mudado para Saskatoon por volta de 1913. Finalmente, após mais de 100 anos, sua família obteve um pouco de fechamento.

    O Descobrimento dos Restos

    No dia 29 de junho de 2006, trabalhadores estavam realizando escavações no local de um antigo posto de gasolina, no bairro Sutherland em Saskatoon. Durante a obra, ossos foram encontrados em um saco de juta dentro de um barril de madeira que havia sido jogado em um poço. O Departamento de Polícia de Saskatoon confirmou a descoberta em um comunicado.

    Os restos mortais estavam surpreendentemente bem conservados, permitindo a realização de uma autópsia. Os resultados mostraram que a morte da mulher era suspeita. Investigações na época consideraram a descoberta um “milagre”, visto que é raro encontrar um corpo tão antigo e em tão boas condições.

    Dr. Ernie Walker, professor de antropologia e arqueologia, que ajudou na investigação, afirmou que a preservação dos restos pode ser atribuída a uma mistura de água com gasolina no solo. Ele e outros investigadores utilizaram várias ferramentas e documentos históricos ao longo de 19 anos para tentar descobrir a identidade da mulher.

    A Identificação de Alice Spence

    Walker e sua equipe utilizaram equipamentos pesados para excavar ao redor do poço. Eles desmontaram a estrutura do poço, descobrindo que uma peça havia se soltado e bloqueado o barril, impedindo que ele chegasse ao fundo. A partir de dois dentes e dos cabelos da mulher, Walker obteve suficiente material genético para formar uma árvore genealógica rudimentar.

    Com a ajuda da equipe de Genealogia Genética da Polícia de Toronto, conseguiram entrar em contato com parentes suspeitos e, assim, identificaram oficialmente Alice Spence. A polícia também informou que possui um suspeito de assassinato, mas não divulgou detalhes, pois a pessoa já estaria falecida. O caso foi oficialmente encerrado.

    Os descendentes de Spence foram contatados e, segundo os investigadores, a maioria desconhecia o trágico destino de Alice.

    A Família de Alice Spence

    Cindy Camp, a bisneta de Alice, ficou surpresa com a notícia. Ela disse: “Foi um choque total. Não sabíamos nada sobre as circunstâncias de Alice.” A família foi contatada em 16 de julho por policiais de Toronto, que pediram uma amostra de DNA.

    Os investigadores também explicaram um pouco sobre a história da família. Alice Burke nasceu em setembro de 1881, em Michigan, e depois se mudou para Minnesota. Ela trabalhou como costureira e balconista. Em 1904, casou-se com Charles Irvine Spence, e no ano seguinte, teve sua filha, Idella.

    A família Spence mudou-se para Saskatoon em 1913. Em 1916, Alice teve uma segunda filha, que infelizmente nasceu morta. De acordo com o censo de 1916, Alice ainda estava viva em Saskatoon. Dois anos depois, um incêndio destruiu a casa da família enquanto estavam fora.

    Em 1921, foi registrado que Charles vivia com sua filha, uma empregada e o filho da empregada. Idella, a avó de Camp, nunca falou sobre a mãe, mas mencionou que ficou órfã aos 17 anos, após a morte de Charles, que sofreu um ataque cardíaco em maio de 1923. Idella faleceu em 1995.

    Com base nessas informações, os investigadores acreditam que Alice foi assassinada entre 1916 e 1918. “Sabendo o que sabemos agora, gostaria de poder conversar com minha avó, mesmo que por apenas uma hora, para ouvir a história dela”, comentou Camp. Apesar da carga emocional da descoberta, a família se sente grata às pessoas que trabalharam arduamente para dar um nome à “Mulher do Poço”.

    Os restos de Alice foram enterrados no Cemitério Woodlawn em 2009. Agora que ela foi identificada, Camp e sua família planejam colocar uma lápide com o nome e a data de nascimento de Alice no túmulo. “Agora que sabemos que somos correspondências genéticas, é importante que ela tenha seu lugar”, disse Camp.

    Reflexões sobre o Caso

    A história de Alice Spence é um lembrete poderoso das complexidades da vida e da morte. Através de um esforço conjunto de diferentes equipes investigativas e da tecnologia moderna, uma parte do passado foi trazida à luz. Alice, que ficou desconhecida por tanto tempo, finalmente teve sua história contada, permitindo que sua família começasse a curar suas feridas emocionais.

    Esse caso ilustra também a importância da genealogia moderna e do respeito pela memória dos que partiram. Alice, uma mulher cujos últimos momentos foram devastadores, pôde finalmente ser reconhecida e lembrada de maneira digna.

    Ao longo dos anos, muitos mistérios foram deixados sem solução. A identificação de Alice Spence encerra um capítulo sombrio e dá aos seus descendentes a oportunidade de honrar sua memória. A busca pela verdade e pela compreensão é um caminho que toca a todos, principalmente as famílias que anseiam saber o que aconteceu com seus entes queridos.

    Um Legado de Esperança

    O desfecho desse caso não é apenas sobre um assassinato não resolvido, mas também sobre a resiliência da família de Alice e a luta pela verdade. Através do uso da ciência e da determinação de muitos, Alice foi trazida de volta ao coração de sua família, permitindo que ela receba o respeito que merece.

    A história de Alice Spence encoraja outros a nunca desistirem de buscar respostas sobre os que amam. O impacto da sua identificação é profundo e restaurador, e seu legado permanecerá vivo através das gerações que a amam. Com cada novo avanço em tecnologia e ciência, há esperança de que mais histórias como a dela possam ser resolvidas.

    Finalizando, a jornada de Alice nos faz refletir sobre como cada vida importa e sobre a importância de recordar aqueles que partiram, resgatando suas histórias da obscuridade e trazendo-as à luz com dignidade e respeito.

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