Ilse Koch: Uma História de Crueldade
Ilse Koch pode não ser tão famosa quanto outros líderes do Holocausto, mas sua crueldade a torna uma figura notável na história sombria desse período. Conhecida como “A Cadela de Buchenwald”, ela se destacou por seus atos de sadismo dentro do campo de concentração de Buchenwald, onde seu marido era o comandante.
Um Começo Comum
Nascida Margarete Ilse Köhler em 22 de setembro de 1906, em Dresden, Alemanha, sua infância foi comum. Era vista como uma criança educada e feliz. Aos 15 anos, ela ingressou em uma escola de contabilidade, uma das poucas opções educacionais disponíveis para mulheres na época.
Após terminar seus estudos, Koch trabalhou como balconista em um momento em que a economia da Alemanha ainda se recuperava da Primeira Guerra Mundial. Nos anos 30, ela e muitos amigos se juntaram ao Partido Nazista, que prometia soluções para os problemas do país.
O discurso de Hitler, que prometia restaurar a Alemanha e desmantelar o Tratado de Versalhes, atraiu muitos, incluindo Koch. Essa adesão ao partido culminou no seu casamento com Karl Otto Koch em 1936, que se tornaria comandante do campo de Buchenwald no ano seguinte.
A Chegada a Buchenwald
Buchenwald foi inaugurado como um dos primeiros e maiores campos de concentração, logo depois de Dachau. Na entrada do campo, havia um portão que dizia “Jedem das Seine”, que pode ser traduzido como “a cada um, o que lhe pertence”, uma mensagem distorcida para os prisioneiros.
Ilse logo se envolveu nas atividades de seu marido e se tornou uma das figuras mais temidas do campo. Um dos seus primeiros atos foi usar dinheiro roubado de prisioneiros para construir uma arena de esportes interna que custou cerca de 62.500 dólares, o que hoje equivaleria a cerca de 1 milhão de dólares.
Koch não se limitava a montar a cavalo na arena; ela frequentemente se dirigia aos barracos dos prisioneiros, provocando-os até que olhassem para ela, momento em que costumava usar um chicote. Sobreviventes do campo relataram que ela parecia ter um prazer especial em enviar crianças para a câmara de gás.
Um Hobby Perigoso
Além de suas atividades brutais, Ilse Koch também era conhecida por coletar itens macabros, como abajures, capas de livros e luvas feitos de pele humana. Era dito que ela passeava pelo campo à procura de prisioneiros com tatuagens, que eram removidas a força. Segundo relatos, a pele dos prisioneiros era mantida em sua casa com o comandante.
Isto se tornou um importante ponto de discussão durante os julgamentos de Nuremberg, onde a crueldade de Koch foi amplamente discutida. Ela e seu marido foram presos em 24 de agosto de 1943, acusados de desvio de fundos e assassinato de prisioneiros. Era decepcionante até para os próprios nazistas, que viam as ações dos Kochs como excessivas.
Consequências Legais
O comandante Karl Koch foi executado em 1945, poucas semanas antes da libertação de Buchenwald. Por outro lado, Ilse foi libertada devido à falta de provas concretas que ligassem diretamente seus crimes. Embora ela tenha afirmado que os itens eram feitos de pele de cabra e não humana, a opinião pública pressionou por um novo julgamento, levando-a a ser processada novamente em 1947.
No tribunal, afirmou que estava grávida, o que surpreendeu muitos. Apesar disso, foi condenada a prisão perpétua, sendo acusada de participar de um plano criminoso que resultou em mortes. Seus dois filhos foram enviados para lares adotivos após sua prisão.
Em 1949, a pena de Koch foi reduzida para quatro anos, com a justificativa de que não havia evidências suficientes de que ela havia selecionado prisioneiros para exterminação. O juiz, no entanto, expressou desprezo pela natureza má de seus atos.
Um Novo Julgamento
Porém, a indignação pública resultou em um novo julgamento em 1950, no qual mais de 250 testemunhas foram chamadas, incluindo algumas que alegavam ter visto Koech selecionando prisioneiros. Apesar das alegações, a falta de provas concretas levou à desistência de várias acusações.
Em 15 de janeiro de 1951, Koch foi novamente condenada, desta vez com penas mais severas, sujeitando-a à prisão perpétua e privação de direitos civis. Durante seu tempo na prisão, fez diversos apelos que foram negados e chegou a solicitar ajuda da Comissão Internacional de Direitos Humanos, também sem sucesso.
Últimos Dias e Suicídio
Enquanto estava detida, seu filho Uwe, que foi concebido durante sua prisão, descobriu que ela era sua mãe e o visitava frequentemente. Em 1º de setembro de 1967, Ilse Koch cometeu suicídio na prisão. No dia seguinte, Uwe chegou para visitá-la e ficou chocado ao saber da morte dela. O corpo foi enterrado em um local sem identificação no cemitério da prisão.
A Lenda dos Abajures
Os abajures de pele humana que supostamente Ilse Koch havia coletado nunca foram encontrados, levantando dúvidas sobre sua existência real. No entanto, um escritor decidiu investigar, buscando autenticidade nas alegações. Após encontrar um abajur em uma venda, testes de DNA indicaram que poderia ser de pele humana, mas outros testes sugeriram que era de pele bovina.
Assim, uma parte do legado sombrio de Ilse Koch parece ter desaparecido com ela. A história dela serve como um lembrete das profundezas da crueldade humana e a necessidade de relembrar para que atrocidades como estas nunca se repitam.