As mudanças climáticas não afetam apenas o meio ambiente, mas também têm um impacto significativo na saúde mental das pessoas. Uma pesquisa realizada em 2025 pelo Instituto Cactus, em parceria com a AtlasIntel, revelou que 54% dos brasileiros se preocupam regularmente com os efeitos da crise climática. Aproximadamente 42% da população acredita que as mudanças climáticas já afetaram sua saúde mental. Entre as mulheres, essa preocupação é ainda maior: 47,4% se dizem preocupadas diariamente, enquanto apenas 27,9% dos homens compartilham desse sentimento.

    A pesquisa contou com a participação de 10.025 pessoas maiores de 16 anos, de todas as regiões do país, e foi realizada por meio de recrutamento digital aleatório. A coleta de dados aconteceu próximo à COP 30 e teve como foco os efeitos das mudanças climáticas sobre a saúde mental.

    Os resultados indicam que 74,3% dos entrevistados já vivenciaram desastres naturais, como enchentes e queimadas. Mais da metade dos participantes relataram sentir-se nervosos (58%) ou ansiosos (51%), e 44% afirmaram estar excessivamente preocupados. Além disso, 34% a 36% das pessoas enfrentam dificuldades para dormir, trabalhar ou se relacionar por causa da ansiedade relacionada às mudanças climáticas. Esses números demonstram que os impactos emocionais da crise climática estão afetando a rotina e a qualidade de vida de muitos.

    Maria Fernanda Quartiero, diretora-presidente do Instituto Cactus, destacou que as mudanças climáticas têm um efeito direto sobre a vida emocional das pessoas. Quando desastres ocorrem, as famílias podem perder suas casas, aumentando o medo e a insegurança. Essa realidade afeta não só a saúde mental individual, mas também a comunidade como um todo.

    A pesquisa também trouxe à tona desigualdades entre gêneros em relação a esses efeitos. As mulheres relatam sentir mais os impactos das mudanças climáticas em sua saúde mental. Além das altas taxas de preocupação, 49,2% das mulheres afirmam que as mudanças climáticas já afetaram sua saúde mental, enquanto esse número é de 34,3% entre os homens. As mulheres também se mostram mais dispostas a assumir responsabilidades em relação a esse problema: 47% delas acreditam que devem contribuir para soluções, comparadas a 25,5% dos homens.

    Em termos gerais, o Índice Contínuo de Avaliação da Saúde Mental (ICASM), que mede a saúde mental da população, apresentou uma leve queda, passando de 682 para 667 em relação à última medição. Jovens de 16 a 24 anos e mulheres continuam apresentando índices de saúde mental inferiores em comparação com a média.

    Outros dados relevantes mostram que 83% dos entrevistados estão preocupados com sua situação financeira. A pesquisa também indicou que 72% das pessoas dormiram menos de seis horas em pelo menos uma noite nas duas semanas anteriores, e 64% relataram sentir sonolência excessiva durante o dia. Além disso, 48% dos participantes se sentiram feios ou pouco atraentes, e 35% se consideraram pouco inteligentes em pelo menos uma ocasião nas duas semanas antes da pesquisa.

    Esses dados sublinham a importância de entender a saúde mental como influenciada por fatores individuais, coletivos e sociais. É necessário implementar políticas públicas e ações que levem em conta as diferentes realidades e necessidades de grupos como jovens e mulheres, buscando reduzir vulnerabilidades e promover uma sociedade mais saudável mentalmente.

    O Panorama da Saúde Mental é um projeto do Instituto Cactus, desenvolvido em parceria com a AtlasIntel, estabelecido em 2022 para monitorar a saúde mental da população. O estudo utiliza o Índice Contínuo de Avaliação da Saúde Mental (ICASM), que avalia várias dimensões da saúde emocional em uma escala de 0 a 1000 pontos. O objetivo é oferecer dados confiáveis que possam informar políticas públicas e estratégias de promoção da saúde mental.

    Share.