Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, tinha informações sobre a chegada de Alexandre Padilha ao Ministério da Saúde desde janeiro deste ano. Essa informação, confirmada apenas em fevereiro, foi revelada em uma mensagem que Careca enviou via WhatsApp. Na mensagem, ele comentava que “nossos projetos foram assumidos pelo novo ministro… Ficou melhor”.

    Careca do INSS estava tentando estabelecer um acordo com o Ministério da Saúde para fornecer medicamentos à base de cannabis para o Sistema Único de Saúde (SUS), sem a necessidade de licitação. Para ajudar nesse processo, ele contou com a colaboração de Roberta Luchsinger, uma empresária e amiga de Fábio Luís Lula da Silva, conhecido como Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    Roberta Luchsinger foi implicada em uma nova fase da Operação Sem Desconto, que foi lançada em 18 de dezembro. A Polícia Federal (PF) anunciou que ela recebeu R$ 1,5 milhão de Careca do INSS. Em um dos transferências, Careca mencionou que o dinheiro tinha como destinatário “o filho do rapaz”, sugerindo que se referia a Lulinha.

    A mensagem sobre a mudança no ministério, enviada por Careca, foi datada de 30 de janeiro. Naquele momento, o nome de Padilha estava apenas sendo cogitado como um possível sucessor de Nísia Trindade, mas a confirmação oficial aconteceu um mês depois, em 25 de fevereiro. Alexandre Padilha tomou posse no dia 10 de março.

    Além disso, Careca disse que Berger Swedenberger Barbosa seria o novo presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), informação que não se concretizou. Berger, que era secretário-executivo do Ministério da Saúde, atualmente ocupa o cargo de chefe do Gabinete Adjunto de Gestão Interna do Gabinete Pessoal do presidente Lula.

    Registros obtidos mostram que Careca do INSS visitou o Ministério da Saúde cinco vezes entre 2024 e 2025. Embora tenha indicado em suas visitas que estava se reunindo com a secretaria-executiva, apenas uma dessas reuniões foi documentada na agenda oficial de Berger.

    Durante essas visitas, Careca foi acompanhado por Roberta Luchsinger. Em um áudio enviado a ele, Roberta sugere a dispensa de licitação para o contrato que tentava estabelecer com o Ministério da Saúde, alegando que a nova lei das licitações permite tal procedimento em casos de emergência.

    Até o momento, o novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, não se pronunciou sobre o assunto por meio de sua assessoria.

    Share.