Uma pesquisa realizada pela Fiocruz revelou que as internações por problemas de saúde mental entre jovens estão em alta, mas esse grupo é o que menos busca ajuda na Atenção Primária à Saúde. O estudo analisou dados do Sistema Único de Saúde (SUS) de 2022 a 2024, focando na faixa etária de 15 a 29 anos.
Durante o período investigado, apenas 11% dos atendimentos na Atenção Primária relacionados à saúde mental foram de jovens. Em contrapartida, na população em geral, essa taxa foi de aproximadamente 24%. Além disso, a pesquisa mostrou que a taxa de internações por saúde mental entre jovens é elevada, chegando a 579 casos para cada cem mil habitantes. O grupo etário de 25 a 29 anos apresentou os maiores índices, com 719 internações por cem mil habitantes, comparado a uma taxa de 599 entre os adultos em geral.
Nicole Ayres, uma professora que enfrentou problemas de saúde mental e foi internada aos 26 anos, compartilha sua experiência no livro “Dançando na Varanda”. Ela enfatiza a importância de discutir abertamente sobre saúde mental, ajudando a criar empatia e compreensão entre as pessoas. Segundo Ayres, seu objetivo é acolher e apoiar quem passa por dificuldades emocionais.
Luciane Ferrareto, pesquisadora do Observatório Juventude, Ciência e Tecnologia da Fiocruz, analisou as causas do aumento das internações entre jovens. Ela observou que, para os homens, o uso de drogas é um fator significativo, junto com a exposição a empregos precários e estressantes que geram ansiedade. Já as mulheres geralmente enfrentam internações relacionadas à depressão, frequentemente resultado de pressões familiares e relacionamentos abusivos.
Ferrareto também destacou que a baixa procura por tratamento deve-se à falta de assistência adequada. Ela defende a necessidade de políticas públicas que ampliem a rede de atenção psicossocial e ofereçam formação profissional aos trabalhadores da saúde, permitindo que eles atendam melhor a juventude.
Além disso, o estudo indica que jovens apresentam um risco elevado de suicídio, sendo essa situação ainda mais crítica entre a população indígena, que registra as taxas mais altas do país. A pesquisa evidencia a urgência de estratégias eficazes para lidar com a saúde mental dos jovens, um tema que demanda atenção crescente na sociedade.
