O que a nova tecnologia revelou sobre a civilização Maia

    Recentemente, pesquisadores em Guatemala utilizaram tecnologia de laser chamada LiDAR para descobrir mais de 61.480 estruturas antigas dos Maias. Essa descoberta trouxe novas informações sobre a agricultura, o modo de vida e as práticas diárias desse povo.

    A pesquisa, realizada por cientistas da Universidade Tulane, cobriu uma área de 830 milhas quadradas. Os resultados desafiaram a crença de que a região era escassamente povoada e que as cidades Maias eram isoladas umas das outras. Com a utilização de 15 pulsos de laser por metro quadrado, a equipe conseguiu mapear a região de maneira impressionante.

    Como funciona a tecnologia LiDAR?

    O LiDAR, que significa Light Detection and Ranging, é uma técnica incrível que consegue penetrar a densa cobertura florestal. Isso permite revelar o que está escondido abaixo da vegetação, algo que os pesquisadores não conseguiam fazer antes. A tecnologia funciona com princípios similares ao radar, mas utiliza pulsos de laser em vez de ondas de rádio.

    É importante destacar que a luz do laser não é afetada pela vegetação, mas não consegue atravessar superfícies mais duras, como rochas. Assim, quando o laser se encontra com estruturas construídas, ele retorna, permitindo identificar paredes, estradas e edificações.

    Descobertas surpreendentes

    Graças a essa tecnologia, os pesquisadores encontraram casas, palácios grandes, centros cerimoniais e pirâmides. Com isso, estimam que, no auge da civilização Maia, entre os anos 650 e 800 d.C., a população da região poderia ter chegado a impressionantes 7 a 11 milhões de pessoas.

    Além das estruturas, a análise com LiDAR revelou mais de 106 quilômetros quadrados de estradas, canais e infraestrutura que ligavam as várias cidades da região a áreas mais rurais. Essa rede mostra o quão interconectados eram os Maias, desafiando ideias que indicavam isolamento.

    Modificações na paisagem

    Os resultados também mostram que os Maias modificaram sua paisagem de maneira surpreendente. Terraces, canais de irrigação, reservatórios, fortificações e estradas revelam um nível de transformação do solo que ninguém imaginava. Francisco Estrada-Belli, professor assistente de pesquisa na Universidade Tulane, enfatizou essa impressionante modificação territorial.

    Uma civilização mais complexa

    Nos últimos anos, a visão sobre a civilização Maia tem evoluído. Pesquisadores argumentam que técnicas de cultivo tradicionais, como o corte e queima, eram comuns, mas podem ter contribuído para a queda da civilização. No entanto, a nova análise sugere que os Maias eram bem mais sofisticados em suas práticas agrícolas.

    As descobertas indicam 362 quilômetros quadrados de terraces e terrenos agrícolas alterados, além de 952 quilômetros quadrados de terras cultiváveis. Ou seja, a agricultura Maia era muito mais especializada e complexa do que se pensava.

    Origens e desafios futuros

    Apesar dessas descobertas significativas, os pesquisadores ainda têm muito trabalho pela frente. Para validar os dados do LiDAR, foi necessário realizar algumas investigações no solo. Embora a tecnologia tenha expandido nosso entendimento sobre esses antigos povos, ela ainda tem suas limitações.

    O uso de LiDAR já abriu os olhos da comunidade científica para milhares de novas estruturas e desafiou a visão que se tinha sobre toda uma civilização. À medida que a pesquisa avança, mais informações são esperadas, ajudando a formar uma imagem mais clara dos Maias e sua realidade.

    Conclusão

    As revelações sobre a civilização Maia por meio de tecnologias como o LiDAR nos ajudam a entender melhor sua história e seu impacto na região. A análise contínua e os estudos realizados nessa área mostrarão, aos poucos, como esses antigos habitantes da América Central viveram, trabalharam e interagiram.

    O que mais estará escondido nas florestas da Guatemala? As novas descobertas prometem não só enriquecer nosso conhecimento sobre os Maias, mas também sobre a capacidade humana de transformar e moldar o ambiente ao nosso redor. Com o avanço dessas tecnologias, podemos esperar novas surpresas e uma melhor compreensão das antigas civilizações.

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