Manaus – Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostram que, entre 1º de janeiro e 14 de dezembro de 2025, foram registrados no país 459.746 eventos adversos e falhas na assistência à saúde, englobando tanto serviços públicos quanto privados. Desses, 47.853 ocorreram envolvendo crianças de 0 a 11 anos. No ano anterior, 2024, foram 43.944 eventos na mesma faixa etária. Apenas o estado do Amazonas reportou 854 desses casos envolvendo crianças.
É importante ressaltar que esses números são absolutos e não indicam taxas de incidência por 100 mil crianças. As idades analisadas incluem: recém-nascidos (menos de 28 dias), crianças de 1 a 12 meses, de 2 a 4 anos, e de 5 a 11 anos. Isso sugere que os dados podem estar subestimados, ou seja, o número real pode ser ainda maior.
Esses números destacam um cenário alarmante para as crianças, um grupo mais vulnerável. Nos hospitais, as principais causas das ocorrências adversas incluem falhas na comunicação entre profissionais de saúde e familiares, e a falta de envolvimento da criança no próprio cuidado. Isso pode resultar em danos desnecessários, como lesões decorrentes de pressão na pele, quedas e erros na administração de medicamentos.
Paola Andreoli, presidente da Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (SOBRASP), afirma que a prioridade é promover cuidados mais seguros, com a participação ativa dos pacientes e suas famílias, algo que está alinhado com o Plano Global para Segurança do Paciente 2021-2030 da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela destaca que é fundamental que os gestores de saúde desenvolvam estratégias que incentivem essa participação.
A participação dos pacientes e seus familiares é essencial para a segurança nos cuidados em saúde. Isso significa que, especialmente no caso de crianças e adolescentes, os pais ou responsáveis devem estar informados sobre o diagnóstico e o plano de tratamento, contribuindo com informações sobre doenças anteriores e alergias, além de questionar procedimentos e monitorar o que está acontecendo.
A pediatra Priscila Amaral, membro da SOBRASP, reforça que o engajamento dos pais é crucial. Eles são os primeiros a notar erros de medicação ou falhas nos cuidados, como a higiene das mãos durante a internação e nas mudanças de turno da equipe médica.
O Plano Global de Segurança do Paciente 2021-2030 da OMS ressalta a importância do papel dos pacientes e familiares como colaboradores na promoção de um atendimento à saúde mais seguro. Essa iniciativa busca envolver a sociedade na formulação de políticas e estratégias, aprendendo com experiências passadas para desenvolver soluções mais eficazes. O plano também enfatiza a transparência nos serviços de saúde, a comunicação de incidentes e o acesso à informação, promovendo a educação em saúde e o autocuidado.
