Marge Schott: A História Controversial da Primeira Mulher a Dirigir um Time da Liga Principal
Introdução
O time Cincinnati Reds, que tem uma longa história, teve vários proprietários ao longo dos anos. No entanto, nenhum deles é tão controverso quanto Marge Schott, que esteve à frente da equipe de 1984 até 1999. Sua trajetória como proprietária é marcada tanto por conquistas quanto por atitudes problemáticas que impactaram sua reputação.
O Legado Ambíguo de Marge Schott
Por um lado, Schott era vista como uma proprietária acessível. Cidadã de Cincinnati, ela comprou o time e manteve os preços dos ingressos em níveis razoáveis, tornando os jogos mais acessíveis. Contudo, sua postura em relação à equipe e seus comentários racistas mancharam esse legado.
Marge era conhecida por ser econômica, a ponto de exigir que seus jogadores voassem em classe econômica e ainda permitiu que seu cachorro defecasse no campo, criando um trabalho extra para os funcionários do estádio. Além disso, fez declarações racistas que a caracterizaram negativamente.
A Infância e a Conexão de Marge com os Cincinnati Reds
Nascida Margaret Unnewehr em 18 de agosto de 1928, em Cincinnati, Ohio, Marge veio de uma família conservadora e católica, onde seu pai prosperou no ramo da madeira. Após se formar na Sacred Heart Academy, ela se casou com Charles Schott em 1952. Quando ficou viúva em 1968, herdou os negócios dele e se tornou uma das figuras mais influentes do esporte.
Marge sempre foi uma fã dos Reds antes de assumir o comando. Em 1981, ela comprou uma pequena participação no time e, em 1984, adquiriu a equipe por aproximadamente 11 milhões de dólares, tornando-se a primeira mulher a operar um time da liga principal.
Conexão com os Fãs e Dificuldades com a Equipe
Marge Schott tinha um jeito único de se conectar com os torcedores. Em seu estádio, o ingresso mais caro custava apenas 11,50 dólares, e os lanches eram vendidos por um dólar. Ela estava frequentemente presente nos jogos e gostava de interagir com as crianças e fãs.
Seus esforços para manter preços acessíveis ajudaram a criar um ambiente familiar no estádio. Contudo, sua falta de investimento na equipe levou a críticas. Apesar da vitória do time na World Series de 1990, ele teve dificuldades em anos seguintes, resultado de decisões financeiras questionáveis.
Marge frisava a importância de economizar, o que se refletia nas baixas remunerações no escritório da equipe. Ela se queixava publicamente sobre pagar jogadores lesionados e suas reclamações resultaram em descontentamento entre os atletas.
Controvérsias Raciais e Comentários Desagradáveis
As atitudes de Marge começaram a gerar polêmica em 1992, quando foram feitas acusações de racismo durante um processo judicial. O ex-diretor de marketing, Cal Levy, alegou que Schott referia-se a jogadores negros de maneira depreciativa e que possuía uma braçadeira com a suástica em sua casa.
Essas declarações trouxeram à tona um padrão de comentários racistas. Escutou-se relatos de ex-funcionários que corroboraram as acusações, dizendo que Schott havia declarado que “os judeus eram todos iguais”. Tais comportamentos causaram revolta e resultaram em uma série de investigações.
Marge tentou se defender, mas suas justificaçõe só pioravam a situação. Ela não negou o uso de insultos raciais, alegando que eram brincadeiras. Apesar de suas tentativas de minimizar a situação, a história de seu racismo continuou a emergir.
Consequências e Responsabilidades
Em 1993, as denúncias resultaram em sanções severas: Marge foi proibida de operar o time por um ano e multada em 25 mil dólares. Um relatório exposto pelos executivos da liga mostrava não apenas acusações de racismo, mas também afirmava que ela elogiou Hitler por suas realizações na Alemanha.
As polêmicas também se multiplicaram quando Schott fez comentários em um tom zombeteiro durante uma conversa sobre um líder japonês, além de criticar adolescentes asiáticos. Em junho de 1996, a liga deu a ela um ultimato: desistir das operações diárias do time ou ser suspensa.
A Renúncia e o Fim de Sua Gestão
Marge acabou concordando em perder o controle total dos Reds até 1998. Em 1999, ela vendeu sua parte para um grupo liderado por Carl Lindner, embora permaneceu como parceira limitada. Sua saída foi uma resposta ao crescente descontentamento público.
Legado e Memória
A memória de Marge Schott é polarizadora. Ela deixou uma marca na história dos Reds, mas também levantou questões profundas sobre racismo e discriminação. Sua influência se estendeu para fora do campo, e seu apoio a instituições locais não conseguiu apagar sua reputação controversa.
Faleceu em 2004, mas seu legado problemático continuou a gerar discussão. As controvérsias sobre seu comportamento levaram a protestos em 2020 por parte de atletas, resultando na renomeação do estádio em Cincinnati, que antes honrava seu nome, agora chamado de UC Baseball Stadium.
A decisão de mudar o nome refletiu uma consciência crescente sobre a importância de reconhecer e abordar questões de racismo e discriminação. Esse processo de renomeação visou também a justiça histórica, sendo uma resposta à memória coletiva das ações de Schott e seu impacto sobre a sociedade.
Conclusão
Marge Schott representa um capítulo complicado na história do esporte, especialmente no que diz respeito ao tratamento e respeito por todas as pessoas. Sua história nos lembra de como atitudes e comportamentos podem afetar comunidades e legados. Embora tenha sido uma pioneira em muitos aspectos, seu legado é manchado por suas opiniões e ações, o que é um importante lembrete para todos nós sobre a responsabilidade que vem com a notoriedade.
