Martha Medeiros, uma das mais importantes escritoras contemporâneas do Brasil, comemora 40 anos do lançamento de seu primeiro livro, “Strip-Tease”, sendo homenageada como a patrona da 71ª Feira do Livro de Porto Alegre. A autora, que tem 64 anos e mais de 30 livros publicados, compartilha sua trajetória com o evento que marcou sua vida.
Desde sua adolescência, quando economizava a mesada para comprar livros na feira, até o momento em que começou a autografar suas próprias obras, Martha sempre teve uma forte conexão com o evento. Em uma entrevista, ela destacou a importância da leitura em um mundo acelerado, defendendo que ler oferece a oportunidade de conhecer realidades diversas, tornando as pessoas mais tolerantes e menos preconceituosas.
Martha se mostra feliz por ser a nona mulher a assumir o papel de patrona da Feira do Livro, afirmando que é fundamental que as vozes femininas ganhem espaço na literatura, após tanto tempo em que a narrativa foi dominada por homens.
Ao refletir sobre a experiência de ser patrona, ela menciona que sempre acreditou que esse momento chegaria, e que o convite veio na hora certa, num ano especial para ela. Com uma carreira mais estável, sente-se preparada para essa nova função.
Martha ressalta que a participação feminina na literatura está mudando, com muitas escritoras talentosas ganhando destaque. Ela acredita que o mercado editorial deve muito às mulheres e que é um período de renovação, em que elas podem expressar suas vozes.
Ela recorda seus primeiros passos na literatura e como a Feira do Livro sempre foi um espaço mágico para ela. A primeira sessão de autógrafos ficou marcada por um temporal que fez com que poucas pessoas aparecessem, mas a presença do jornalista Ruy Carlos Ostermann a emocionou e a inspirou a apoiar novos autores.
Além disso, ela compartilha que sua trajetória começou na publicidade, onde trabalhou por 14 anos antes de se dedicar integralmente à literatura. Durante esse período, desenvolveu a escrita de crônicas e poemas, encontrando seu estilo próprio.
Martha também fala sobre como a literatura se conecta com as experiências da vida. Para ela, a leitura é um caminho para entender outras realidades e explorar emoções próprias. Ela critica a recente onda de censura a obras literárias e enfatiza a importância da diversidade na literatura, afirmando que as mudanças sociais são um reflexo natural do tempo.
Ela sugere que o futuro da literatura está garantido enquanto houver leitores. E, apesar das dificuldades enfrentadas atualmente, como a superficialidade nas interações sociais, ela acredita que sempre haverá espaço para a criação literária.
Por fim, como patrona da Feira do Livro, Martha indica quatro obras de autoras gaúchas, destacando a riqueza da literatura local e incentivando a leitura como uma ferramenta de transformação e empatia.
