O Ministério da Saúde promoveu uma oficina em Brasília para ajustar a lista de patógenos bacterianos prioritários da Organização Mundial da Saúde (OMS) à realidade brasileira. O evento contou com a participação de especialistas, pesquisadores, representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e técnicos que trabalham com saúde pública. O foco foi discutir políticas de vigilância, prevenção e controle da resistência antimicrobiana.

    Durante a oficina, foram analisados fatores como a epidemia atual de doenças no país, a capacidade dos laboratórios e as estratégias já em prática pelo ministério. A intenção é criar critérios que ajudem a identificar os patógenos mais importantes e desenvolver uma metodologia que possa servir como exemplo para outras nações.

    Mariângela Simão, secretária de Vigilância em Saúde, destacou a importância de adaptar a lista de patógenos ao Brasil. Para ela, a resistência antimicrobiana é uma grave ameaça à saúde e é vital que as ações sejam baseadas em dados que reflitam as necessidades brasileiras.

    A Anvisa também está envolvida nesse processo, oferecendo informações sobre regulação e dados pertinentes às infecções relacionadas à saúde. Esses dados ajudam a entender melhor os patógenos que mais afetam a população.

    Mariângela reiterou o compromisso do Ministério da Saúde em combater a resistência antimicrobiana. Segundo ela, o esforço conjunto deve resultar em medidas eficazes que protejam a saúde da população.

    A resistência aos antimicrobianos é quando microrganismos conseguem resistir a medicamentos como antibióticos, antifúngicos e antivirais. Esse fenômeno representa um grande desafio de saúde pública e é intensificado por fatores como o uso inadequado de antibióticos, falhas na higiene e no saneamento, além das mudanças climáticas.

    É importante diferenciar antimicrobianos e antibióticos: enquanto antimicrobianos combatem diversos tipos de microrganismos, antibióticos são eficazes apenas contra bactérias. O uso incorreto de antibióticos, especialmente em infecções virais, tem contribuído para o aumento de cepas resistentes.

    Os efeitos da resistência antimicrobiana são alarmantes. Globalmente, a resistência é responsável por 1,27 milhão de mortes anuais e está relacionada a quase 5 milhões de óbitos a mais. As projeções indicam que, se não houver mudanças significativas, esse número poderá alcançar 39 milhões até 2050. No Brasil, a resistência é responsável por cerca de 33 mil mortes a cada ano, além de complicações sérias em tratamentos médicos, como cirurgias e quimioterapias. Esse problema também gera grandes perdas econômicas, com estimativas de que o PIB global possa cair em até 3,4 trilhões de dólares até 2030.

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