O Ministério da Saúde está adotando medidas para enfrentar a atuação de médicos que disseminam informações antivacina nas redes sociais e lucram com cursos, consultas e remédios sem comprovação científica. As ações incluem tanto representações criminais quanto ações cíveis, em parceria com a Advocacia-Geral da União (AGU).

    Na manhã de segunda-feira, o ministro Alexandre Padilha destacou a importância de combater a divulgação da chamada “síndrome pós-spike”, que profissionais de saúde têm vinculado de forma indevida às vacinas de mRNA utilizadas na pandemia de Covid-19. Ele declarou que as medidas começaram com uma representação ao Conselho Regional de Medicina e o início de uma ação civil pública, pois tais práticas configuram violação ao direito à saúde ao propagar desinformação. Isso pode resultar, inclusive, em indenizações coletivas. Além disso, Padilha confirmou que haverá ações criminais contra a venda de tratamentos considerados falsos.

    A AGU também está analisando notificações a plataformas digitais para que removam conteúdos que promovem cursos e informações sobre vacinas sem fundamentação científica. Médicos com grande número de seguidores, mais de 1,6 milhão, afirmam ter identificado intoxicações causadas pelos imunizantes de mRNA e oferecem tratamentos sem respaldo científico. Os cursos que promovem podem custar até R$ 685, enquanto as consultas chegam a valores de R$ 3.200.

    Um estudo publicado por alguns desses profissionais em junho de 2025 sugeriu que a proteína spike, associada ao coronavírus, poderia causar efeitos adversos semelhantes aos da Covid longa. No entanto, essa pesquisa foi contestada e posteriormente retirado de circulação. Embora os autores neguem querer estabelecer protocolos de tratamento populacional, ainda assim compartilham recomendações nas redes sociais.

    Enquanto isso, Padilha informou que o governo está investindo R$ 150 milhões em pesquisas e na produção de vacinas de mRNA, com foco na Fiocruz, no Rio de Janeiro, e no Instituto Butantan, em São Paulo. Esse investimento visa melhorar a capacidade do país em responder rapidamente a mutações de vírus e futuras pandemias. O governo também destinou R$ 60 milhões para atrair pesquisadores estrangeiros, especialmente após a interrupção de contratos na área durante a gestão de Donald Trump nos Estados Unidos.

    Essas ações foram destacadas durante a COP30, realizada em Belém, onde se discutiu o impacto do negacionismo nas políticas de saúde pública. O ministro ressaltou que combater a desinformação e proteger populações vulneráveis é parte do Plano de Ação Belém, que busca adaptar os sistemas de saúde às mudanças climáticas.

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