O Ministério da Saúde anunciou, nesta quarta-feira (3), que sete estados e 59 municípios do país conseguiram eliminar a transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatite B. A cerimônia de reconhecimento ocorreu em Brasília e contou com a presença de representantes da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil.

    O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que receber esse reconhecimento é uma reafirmação do compromisso do país em manter a eliminação da transmissão do HIV e avançar na erradicação de outras doenças. Ele destacou que o Brasil já conseguiu eliminar a transmissão do HIV, o que requer um conjunto de medidas rigorosas, como tratamento antirretroviral, cuidados durante o parto e monitoramento da carga viral.

    Os estados homenageados foram Ceará, Minas Gerais, Distrito Federal, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Sul e Sergipe, que receberam selos de boas práticas nas categorias ouro, prata e bronze, baseados nos resultados alcançados em cada local.

    Padilha também ressaltou a importância do trabalho realizado por profissionais de saúde, gestores e organizações da sociedade civil, que enfrentaram estigmas e dificuldades de acesso durante a luta contra o HIV/AIDS. Ele lembrou das vidas perdidas em momentos críticos da epidemia devido à falta de assistência.

    Esse reconhecimento acontece num momento em que o país registrou a maior redução na mortalidade por HIV/AIDS da sua história. Entre 2023 e 2024, houve uma queda de 13% nos óbitos, o que representa mais de mil vidas salvas. É a primeira vez em 30 anos que o número de mortes por AIDS fica abaixo de dez mil, passando de mais de 10 mil em 2023 para aproximadamente 9,1 mil em 2024.

    Além disso, o país observou uma diminuição de 1,5% nos novos casos de AIDS, totalizando 36,9 mil diagnósticos no último ano. No que se refere ao componente materno-infantil, as gestantes com HIV também tiveram queda de 7,9%, com 7,5 mil novos casos, e o número de crianças expostas ao vírus caiu 4,2%, somando 6,8 mil.

    O país manteve a taxa de transmissão vertical do HIV abaixo de 2% e a incidência de infecção em crianças foi de menos de 0,5 casos por mil nascidos vivos. Também foi alcançada uma cobertura superior a 95% em pré-natal, testagem para HIV e tratamento para gestantes com o vírus.

    Para prevenir novas infecções, o Brasil adotou uma estratégia chamada “prevenção combinada”, que integra diversos métodos, como a distribuição de preservativos e o uso da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e da Profilaxia Pós-Exposição (PEP). Com o objetivo de engajar o público jovem, foram lançadas camisinhas texturizadas e sensitivas, com a aquisição de 190 milhões de unidades de cada tipo.

    A adesão à PrEP aumentou mais de 150% desde 2023, com cerca de 140 mil pessoas utilizando o medicamento diariamente. O país também ampliou o acesso a testes para o HIV e a sífilis, com a aquisição de 6,5 milhões de duo testes, além de 780 mil autotestes, que facilitam a detecção precoce da doença.

    O Sistema Único de Saúde (SUS) continua oferecendo gratuitamente terapia antirretroviral e acompanhamento para todos os diagnosticados com HIV. Atualmente, mais de 225 mil pessoas utilizam um comprimido único que combina lamivudina e dolutegravir, uma combinação eficaz que favorece a adesão ao tratamento e melhora a qualidade de vida dos pacientes.

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