O Mound de Escorpião: Um Monumento Astronômico no México Antigo

    Introdução

    Recentes estudos revelaram que um enorme montículo em forma de escorpião, construído entre os anos 600 e 1100, localizado no Vale do Tehuacán, no México, possuía um propósito astronômico. Este monumento, que mede aproximadamente 62 metros de comprimento e quase 1 metro de altura, provavelmente serviu para registrar o movimento do sol ao longo do ano.

    Descobertas Arqueológicas

    O montículo foi documentado pela primeira vez em 2014. Artefatos encontrados na área permitem que os arqueólogos estimem sua idade. A presença do montículo indica que os povos mesoamericanos, antes da chegada dos europeus, estavam atentos aos fenômenos astronômicos, e esse conhecimento não se restringia apenas às classes altas. Perto do aguilhão do escorpião, objetos enterrados sugerem que rituais de fertilidade eram realizados no local, estabelecendo um importante vínculo entre a astronomia e a espiritualidade da época.

    Um Lugar Cerimonial

    O montículo escorpião faz parte de um complexo cerimonial que conta com 17 montículos. Acredita-se que este espaço servia para a observação ritual dos solstícios de inverno e verão. Formado principalmente por terra e algumas pedras, ele é classificado como um “mound de efígie”, uma estrutura rara na Mesoamérica. Os arqueólogos descobriram também diversos itens que eram utilizados em cerimônias, como queimadores de incenso, fragmentos de estatuetas ocos, tigelas, potes e molcajetes, que são utensílios de cozinha.

    A Deusa Tlāhuizcalpantēcuhtli

    Os pesquisadores sugerem que o montículo representa Tlāhuizcalpantēcuhtli, uma divindade importante na mitologia asteca. Ele estava associado ao planeta Vênus e simbolizava a chuva e a fertilidade. O fato de sua construção estar alinhada com os solstícios destaca a relevância astronômica do local.

    A Importância dos Solstícios

    Os solstícios de verão e inverno eram eventos significativos para as populações mesoamericanas, especialmente nas práticas agrícolas. O solstício de verão anunciava o início da estação chuvosa, momento crucial para o plantio. Investigando mais a fundo, os pesquisadores notaram que, nos dias que antecediam o solstício, o sol surgia entre as garras do escorpião. Isso ajudava os agricultores a saber quando começar os preparativos para a fertilização de suas plantações.

    Observação do Solstício de Inverno

    No dia do solstício de inverno, uma pessoa posicionada na extremidade da garra esquerda do escorpião poderia observar o pôr do sol exatamente sobre o aguilhão. Essa conexão demonstra como a arquitetura mesoamericana se alinhava com os eventos solares, redupingando sua importância nas comunidades agrícolas, não apenas entre os governantes.

    Autonomia dos Agricultores

    Um aspecto marcante dessa descoberta é a demonstração de que o conhecimento sobre os fenômenos astronômicos não era exclusivo da elite. Segundo o autor principal do estudo, isso indica que os agricultores que viviam na região tinham uma vida de maior independência e autossuficiência em comparação com as classes altas. Esses trabalhadores rurais podiam observar e entender os ciclos naturais para garantir a prosperidade de suas colheitas.

    Conclusão

    O montículo em forma de escorpião revela muito sobre as antigas civilizações mesoamericanas. Ele não só servia como um marco astronômico, mas também refletia a interconexão entre a espiritualidade e a agricultura. A estrutura é um testemunho do conhecimento avançado que essas culturas possuíam sobre o cosmos e seu impacto na vida cotidiana.

    Reflexões Finais

    Explorar o montículo de escorpião é uma maneira de resgatar a história e entender melhor a relação dos antigos mesoamericanos com a natureza e o universo. Esse tipo de descoberta nos ajuda a apreciar a complexidade das sociedades passadas e a influência que tais conhecimentos ainda exercem sobre as práticas atuais. Ao olharmos para estas marcas do passado, podemos ver como os laços entre os povos antigos e o meio ambiente continuam a moldar nossas vidas hoje.

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