Dia de Finados: Uma Reflexão sobre a Vida e a Morte
Em novembro, celebramos o Dia de Finados, um momento para recordar aqueles que já partiram, usando orações ou visitando os túmulos. Para muitas pessoas, essa data traz tristeza. A ausência dos que amamos cria uma saudade intensa. No entanto, a verdadeira reflexão que devemos fazer é sobre nós mesmos.
A morte é um tema delicado e, muitas vezes, considerado um tabu, especialmente nas culturas ocidentais. Temos medo de falar sobre ela e tentamos evitá-la. Em vez de dizer “morte”, usamos palavras como “falecimento” ou “partiu”, como se evitar o termo pudesse afastar a morte. Mas, na realidade, os finados somos nós, os que estamos aqui.
Quem Está Realmente Morto?
Se refletirmos, perceberemos que, na verdade, somos nós, que estamos encarnados, que enfrentamos a ideia de morte. Para muitos, a morte é o momento em que alguém deixa de estar presente na vida material. O convívio se encerra, e a ausência pode nos machucar por muito tempo. Sentimos falta de quem amamos, e a incerteza sobre o que acontece depois é angustiante, apesar das promessas de vida eterna das diversas religiões.
Como disse um autor, a verdadeira religiosidade vai além de simplesmente ter crenças. Quando nos deparamos com o fato da morte, nenhuma crença parece consolar a dor que sentimos. Algumas culturas, como a mexicana e a indiana, têm uma visão mais espiritualizada e celebram a morte como um renascimento, não apenas como um fim.
Se considerarmos que somos seres espirituais passando por uma experiência física, podemos entender que nosso verdadeiro lar não está aqui. Nossa verdadeira família espiritual nos aguarda em uma dimensão além. Na realidade, somos nós que estamos desconectados, afastados desse lar e vivendo uma experiência limitada. Portanto, podemos dizer que, de certa forma, somos nós que “morremos” para a espiritualidade, enquanto aqueles que partiram retornam a ela.
Você já parou para pensar nisso? O que chamamos de morte é, na verdade, um retorno às nossas origens. A morte, em sua essência, pode ser vista como uma libertação. É verdade que a saudade pode ser insuportável, especialmente em perdas como a de um filho. Entretanto, é essencial nos prepararmos para esses momentos. Estudar espiritualidade pode abrir novos horizontes e proporcionar formas de amenizar essa dor. Em algumas situações, até conseguimos contato com aqueles que retornaram ao verdadeiro lar.
A Morte é uma Ilusão?
A morte pode ser entendida como uma ilusão; na verdade, nada morre, tudo se transforma. O que realmente nos separa daqueles que amamos é um breve período, semelhante a uma viagem. Quando alguém parte, a separação ocorre não por distância geográfica, mas sim entre diferentes dimensões. A tecnologia atual ainda não nos permite acessar essas dimensões, mas previsões futuras indicam que poderá haver comunicação espiritual através de novos meios.
A Eternidade e Seus Desafios
A eternidade pode parecer um ideal, mas a vida eterna, como a conhecemos, também tem suas desvantagens. A finitude da vida é um dos fatores que dá sentido a ela. Uma lenda famosa é a da Sibila de Cumas da mitologia grega. Ela recebeu o dom da vida eterna, mas esqueceu de pedir pela eterna juventude. Com o passar dos anos, seu corpo envelheceu, e ela se tornou infeliz, desejando a morte.
Philip, um filósofo, destaca que a morte faz parte da vida. No ciclo natural, tudo passa por transformações e eventualmente se une a um todo maior. Se todos vivêssemos eternamente, a vida na Terra se tornaria insustentável. A possibilidade de vivenciar perdas para sempre, de manter laços enquanto vemos aqueles que amamos partir, seria um fardo.
A vida eterna espiritual, por outro lado, é um conceito que muitas vezes escapa à nossa compreensão. Viver na dimensão material eternamente poderia ser trágico, enquanto a espiritualidade nos oferece outra perspectiva.
Celebrando a Vida: A Vida é uma Festa!
Um modo maravilhoso de mudar nossa visão sobre a morte é através de filmes como “Coco”, uma animação que promete tocar seu coração. Ele nos ensina a celebrar a vida e a morte de uma maneira vibrante. O filme conta a história de Miguel, um garoto que, acidentalmente, é transportado para o mundo dos mortos. Lá, ele busca a ajuda de seu trisavô para voltar ao mundo dos vivos.
A narrativa explora temas de memória, família e o significado do Dia de Finados. O filme é um convite a repensar a maneira como encaramos a morte. No mundo dos mortos apresentado no filme, aqueles que não são lembrados desaparecem. Essa conexão com os que já se foram é o que nos torna humanos.
Ao assisti-lo, a ideia de tristeza pode ser transformada em festa. O Dia de Finados pode se tornar um momento para celebrar a vida das pessoas que amamos, relembrando suas histórias e legados.
Reflexão Final
Devemos nos lembrar de que a morte não deve ser encarada apenas como um fim, mas sim como parte do ciclo da vida. O Dia de Finados pode ser um momento para honrar a memória daqueles que se foram, mas também para celebrar a vida. Compreender que somos todos parte de algo muito maior nos ajuda a lidar com a dor da perda.
Com esse entendimento, podemos viver nossas vidas de maneira mais plena, aproveitando os momentos presentes e valorizando as relações que formamos. Afinal, a vida é uma festa e cada dia é uma nova oportunidade de celebrar o que realmente importa.
