Resultados de Estudo sobre o Baxdrostat
Um estudo clínico chamado FigHTN Fase 2 investigou o efeito do baxdrostat, um novo remédio que bloqueia a produção do hormônio aldosterona. Essa medicação foi analisada em pessoas com doença renal crônica e pressão alta descontrolada. Os resultados mostraram que, quando os participantes tomaram baxdrostat junto com os remédios que já usavam, a pressão arterial sistólica caiu cerca de 5%.
Além disso, o tratamento com baxdrostat reduziu a perda de albumina na urina em 55% em comparação com aqueles que usaram placebo. A albumina é uma proteína que, quando aparece em grande quantidade na urina, pode indicar problemas renais e risco cardiovascular. Esses resultados sugerem que o baxdrostat pode ajudar a desacelerar a progressão da doença renal.
As descobertas indicam que o baxdrostat poderá contribuir para melhorar a saúde a longo prazo em pacientes com doenças renais e cardiovasculares. Assim, pode diminuir a necessidade de tratamentos mais caros para pessoas com pressão alta descontrolada e doença renal crônica.
Sobre o Estudo
Os primeiros resultados da pesquisa foram apresentados nas Sessões Científicas de Hipertensão da Associação Americana do Coração. O estudo também foi publicado em uma revista científica sobre nefrologia. A hipertensão e a doença renal crônica estão intimamente ligadas; quando não tratadas corretamente, podem levar a sérias complicações, como ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e até mesmo falência renal.
A aldosterona, produzida pelas glândulas adrenais, tem um papel importante nessas condições. Esse hormônio causa a retenção de sódio, o que aumenta a retenção de água no corpo e, consequentemente, a pressão arterial. Com o tempo, em excesso, a aldosterona pode endurecer e engrossar os vasos sanguíneos, o que pode causar danos ao coração e cicatrizes nos rins.
Dr. Jamie Dwyer e a Importância do Estudo
O Dr. Jamie P. Dwyer, que liderou o estudo, ressaltou que os resultados são promissores para as pessoas que vivem com doenças renais crônicas e hipertensão. Ele explicou que essas condições costumam caminhar juntas, criando um ciclo perigoso. A pressão alta pode piorar a função renal, e a função renal em queda pode elevar a pressão arterial. Isso pode ter um impacto severo na vida dos pacientes.
O objetivo da pesquisa foi verificar se o baxdrostat poderia ser incorporado ao tratamento padrão e se isso seria seguro. Os participantes tinham doença renal crônica significativa, o que os tornava propensos a falência renal ou necessidade de transplante. Apesar de já tomarem medicamentos para controle da pressão alta, seus níveis ainda estavam elevados.
Características do Grupo Estudado
No início do estudo, a pressão arterial média dos participantes era de 151 mm Hg, mesmo com tratamento. Os níveis de albumina na urina mostravam que a condição renal era preocupante. Os participantes apresentaram uma média de 714 mg/gm de creatinina, e um exame que mede a taxa de filtração glomerular (eGFR) mostrou uma média de 44 mL/min/1,73, indicando uma função renal comprometida.
Das 195 pessoas que participaram, 192 foram divididas em grupos que receberam diferentes doses de baxdrostat ou placebo. Três pessoas deixaram o estudo antes do término por motivos pessoais ou eventos adversos.
Resultados Após 26 Semanas
Após 26 semanas, os resultados foram significativos:
- A pressão arterial sistólica caiu em 8,1 mm Hg a mais nos participantes que tomaram baxdrostat, comparados com os do grupo placebo, correspondendo a uma redução de cerca de 5%.
 - O aumento dos níveis de potássio no sangue, um efeito colateral conhecido dos remédios que bloqueiam o sistema renina-angiotensina-aldosterona, aconteceu em 41% dos participantes que usaram baxdrostat, enquanto apenas 5% do grupo placebo teve esse problema. A maioria dos casos foi leve a moderada.
 - Não houve mortes nem eventos adversos inesperados durante o estudo. No entanto, 9% dos que tomaram baxdrostat e 3% do grupo placebo relataram eventos adversos sérios.
 
Na análise adicional, os pesquisadores notaram que a quantidade de albumina perdida na urina foi 55% menor entre os que tomaram baxdrostat. Este resultado se mostrou semelhante à redução observada com outros medicamentos que visam retardar a progressão da doença renal.
Futuro do Baxdrostat
Dr. Dwyer comentou que a redução da albumina na urina é um sinal positivo. Isso significa que o baxdrostat pode ajudar a retardar os danos nos rins. Essa possibilidade está sendo testada em dois grandes estudos de Fase 3 para verificar se o baxdrostat efetivamente atrasa a evolução da doença renal.
Dr. Jordana B. Cohen, que não participou do estudo, indicou que os resultados são reconfortantes. A nova classe de medicamentos anti-hipertensivos pode oferecer benefícios tanto nos rins quanto no coração. A inclusão de pacientes com doença renal crônica nos estudos é uma grande evolução, pois esses pacientes costumam ser excluídos.
Detalhes do Estudo e Distribuição dos Participantes
O estudo contou com 195 indivíduos, com idade média de 66 anos. Entre os participantes, 32% eram mulheres, 40% não eram hispânicos brancos, e 80% tinham diabetes tipo 2. A pesquisa foi conduzida em 71 locais nos Estados Unidos, mas três participantes não foram incluídos na análise final.
Todos apresentavam pressão alta descontrolada, com níveis de 140 mm Hg ou mais, mesmo usando a dose máxima tolerada de medicamentos. O nível médio de pressão arterial ao início do estudo foi de 151,2 mm Hg. Além disso, cada um dos participantes tinha algum grau de doença renal crônica, mas não estavam em falência renal.
Os 192 participantes foram divididos em grupos: um grupo recebeu baixa dose de baxdrostat (0,5 mg/dia, aumentando para 1 mg/dia após duas semanas), outro tomou alta dose (2 mg/dia, aumentando para 4 mg/dia) e um terceiro grupo recebeu placebo.
Após 26 semanas, os testes de pressão arterial e função renal foram repetidos. A análise principal comparou as mudanças na pressão arterial entre os três grupos. Também foram relatados os efeitos colaterais em cada um dos grupos.
O baxdrostat é um medicamento que inibe a produção de aldosterona e está sendo testado para tratar condições como pressão alta, doença renal crônica e insuficiência cardíaca. Porém, ele ainda não está aprovado para uso pelo FDA dos EUA.
Considerações Finais
O estudo teve o apoio da AstraZeneca, responsável pelo desenvolvimento do baxdrostat. Vale lembrar que os resultados apresentados são preliminares e os achados devem ser considerados com cautela até a publicação em uma revista científica revisada por pares.
Esses resultados podem representar um avanço significativo no tratamento da hipertensão em pacientes com doenças renais, oferecendo esperança a essa população que enfrenta desafios diários.
