Os fãs de Bruce Springsteen têm um novo filme para conferir nos cinemas. Desde o dia 30 de agosto, está em cartaz “Springsteen: Salve-me do Desconhecido” (2025), que retrata os bastidores da gravação do álbum “Nebraska” (1982).

    O longa destaca as atuações de Jeremy Allen White, no papel principal, e Jeremy Strong, que interpreta Jon Landau, produtor e empresário do cantor. Contudo, o filme não consegue capturar plenamente a trajetória de Springsteen como uma voz emblemática da classe trabalhadora nos Estados Unidos.

    Para entender melhor a profundidade das letras de Springsteen, recomenda-se assistir a “A Música da Minha Vida” (2019), disponível em plataformas como Amazon Prime Video, Apple TV, Google Play e YouTube.

    É importante notar que, embora o filme sobre Springsteen esteja em alta, ele não foi o protagonista em sua própria história. “A Música da Minha Vida” faz parte de uma recente onda de homenagens a grandes ícones da música, que inclui cinebiografias de artistas como Freddie Mercury, Elton John, Elvis Presley e Bob Marley, além do documentário sobre David Bowie, intitulado “Moonage Daydream”, e a comédia romântica “Yesterday”, que aborda os Beatles.

    Um ponto curioso é que “A Música da Minha Vida” é a única homenagem que não manteve o nome original de Springsteen ao ser lançada. O título em inglês, “Blinded by the Light”, revela a singularidade do filme, dirigido pela cineasta Gurinder Chadha, que também fez sucesso com “Driblando o Destino” (2002).

    O filme “A Música da Minha Vida” é baseado na história real do jornalista Sarfraz Manzoor, ambientada na Inglaterra de 1987, um período marcado pelo alto desemprego, especialmente na indústria, devido às políticas do governo da então primeira-ministra Margaret Thatcher, reeleita naquele ano.

    Nesse cenário, as letras de Springsteen tornam-se um bálsamo para Javed, um adolescente de família paquistanesa na cidade de Luton, cuja música fala das incertezas enfrentadas pelos trabalhadores. A música acaba sendo um refúgio, especialmente quando seu pai, Malik, perde o emprego em uma fábrica de automóveis, uma consequência das políticas governamentais. Com a demissão, a mãe, Noor, começa a trabalhar dobrado como costureira para sustentar a família, que inclui a irmã de Javed e uma prima.

    Além dos problemas financeiros, Javed encara desafios em casa, como a pressão para manter as tradições familiares e as dificuldades da adolescência, que incluem o desejo de fazer amizades e sua paixão pela ativista Eliza. Ele sonha em se tornar escritor, encorajado por sua professora.

    O filme apresenta momentos bem-humorados e musicais que remetem aos videoclipes dos anos 1980, destacando também a construção de personagens. Mesmo com algumas falhas, “A Música da Minha Vida” mostra como as letras de um cantor de um subúrbio dos EUA podem impactar a vida de um jovem na Inglaterra, refletindo a atualidade das mensagens e preocupações expressas por Springsteen.

    Em um mundo onde a transformação social muitas vezes depende de ações coletivas, a frase de Springsteen em “Dancing in the Dark” ilustra a essência desse pensamento: “Você não pode começar um incêndio sem uma faísca”. A luta por um mundo mais igualitário é constante, e as vozes que clamam por mudança ocupam espaço na sociedade, assim como Springsteen fez com sua música.

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