A Orizon anunciou a aquisição da Vital, uma empresa controlada pela família Queiroz Galvão. Com essa transação, a Orizon vai praticamente duplicar suas operações e se tornará a maior plataforma de gestão de resíduos da América Latina.
O negócio, que envolve uma troca de ações, avalia a Vital em aproximadamente R$ 3 bilhões, incluindo cerca de R$ 200 milhões em dívidas líquidas. Segundo o CEO da Orizon, Milton Pilão, a avaliação da Vital foi feita com base em um múltiplo de 5,7 vezes o EBITDA, valor alinhado com aquisições anteriores da empresa.
A nova empresa formada pela fusão terá uma receita anualizada de R$ 3 bilhões e um EBITDA em torno de R$ 1 bilhão. A expectativa é que o lucro, ou bottom line, alcance cerca de R$ 350 milhões neste ano. Para realizar a aquisição, a Orizon emitirá 41,2 milhões de novas ações.
A família Queiroz Galvão ficará com cerca de 30% da nova companhia. O grupo controlador será composto pela Orizon, EB Capital e Queiroz Galvão, que juntos terão mais de 60% do capital. A Orizon e a EB Capital deterão 51% das ações, garantindo o controle estratégico da empresa, enquanto a família Queiroz Galvão terá 49% do capital votante. Milton Pilão e Ismar Assaly continuarão como CEO e chairman, respectivamente.
O conselho da nova empresa, que manterá a marca Orizon, será composto por 11 membros: quatro indicados pelo grupo de Pilão, Assaly e EB Capital, quatro indicados pela Queiroz Galvão e três conselheiros independentes. André Câncio, representando a família Queiroz Galvão, destacou a intenção de ter uma atuação ativa na governança da empresa.
Em termos operacionais, a inclusão da Vital adiciona 5,3 milhões de toneladas de resíduos processados, elevando o total da Orizon para 14 milhões. A Vital opera 12 aterros e está em processo de licenciamento para mais quatro, mostrando presença significativa em grandes cidades como São Paulo, Belo Horizonte e São Luís. Com isso, a Orizon passará a operar 30 EcoParques em 15 estados brasileiros.
Outro benefício da transação será a introdução de um modelo de gestão integrada, que já era solicitado pelos clientes da Orizon. Essa mudança permitirá que a empresa não apenas destine os resíduos, mas também realize a coleta, uma exigência crescente nas licitações públicas no Brasil. Pilão informou que esse novo modelo pode aumentar a receita em três a quatro vezes comparado ao serviço de aterro isolado.
Além disso, o desenvolvimento de biometano é uma área de destaque para as duas empresas. Antes da aquisição, a Orizon já tinha projetos que, quando concluídos, podem produzir cerca de 1,3 milhão de metros cúbicos de biometano por dia. A Vital contribuirá com aproximadamente 700 mil metros cúbicos diários, já que atualmente opera uma planta que produz 30 mil metros cúbicos todos os dias.
Pilão ressaltou a importância da operação para a transição energética e a possibilidade de substituir o diesel em frotas de caminhões e ônibus. Outra vantagem da incorporação é a redução da dívida da Orizon. Como a dívida da Vital é inferior ao EBITDA que ela trará, a alavancagem da Orizon deve cair de cerca de 2 vezes o EBITDA para aproximadamente 1 vez logo após o fechamento do negócio.
A ação da Orizon teve um aumento significativo de 68% nos últimos doze meses, elevando o valor da empresa para R$ 6,5 bilhões, próximo de seu pico histórico.
