Dia de Finados: Uma Reflexão Sobre a Morte e a Lembrança

    No início de novembro, celebramos o Dia de Finados. Essa data é uma oportunidade para relembrar e homenagear aqueles que já partiram, seja por meio de orações ou visitas aos túmulos. Para muitas pessoas, é um momento de tristeza, onde a ausência de quem amamos deve ser enfrentada. Contudo, a verdade é que nós, os vivos, também somos finados de alguma forma.

    A morte é um assunto que causa medo e aversão, especialmente no Ocidente. Muitas vezes, evitamos até mesmo falar sobre ela. Em vez de usar a palavra “morte”, preferimos expressões como “falecer” ou “partir”. Tentamos afastar essa realidade como se apenas ao contar que alguém morreu, estivéssemos atraindo esse destino para nós mesmos.

    Mas, se pararmos para refletir, entenderemos que os finados somos nós.

    Quem está realmente morto?

    Quando pensamos na morte, é comum associá-la a quando alguém deixa a vida material. Essa ausência cria um vazio doloroso que pode ser sentido por muitos anos. A incerteza do que vem depois é algo que, mesmo com as promessas das religiões sobre uma vida melhor, ainda nos atormenta.

    Como disse Leandro Karnal, “nós não somos verdadeiramente religiosos, apenas temos crenças”. Quando pensamos na finitude da vida, percebemos que não há religião capaz de consolar completamente nosso coração. Algumas culturas, como a mexicana ou indiana, celebram a morte como uma libertação, enquanto nós, muitas vezes, sentamos em nossa dor.

    Entendendo que somos espíritos vivendo uma experiência na terra, podemos entender que nossa verdadeira casa não está aqui. Nossa família espiritual, os que amamos, estão em outra dimensão. Portanto, são os vivos que estão desconectados de seus verdadeiros lares.

    A separação causada pela morte é temporária, assim como quando uma pessoa querida viaja. Quando alguém que amamos morre, sentimos essa separação como se estivéssemos separados por dimensões. A tecnologia pode não ser capaz de acessar essas dimensões agora, mas há esperança de que, futuramente, isso seja possível.

    Dia de Finados – Viver para sempre seria terrível…

    A ideia de eternidade é, muitas vezes, mal compreendida. Apesar de muitas pessoas sonharem com a vida eterna, isso poderia ser bastante triste. A finitude da vida é o que dá sentido a tudo. Existe uma lenda sobre Sibila de Cumas, que ilustra isso bem.

    Na mitologia, Sibila recebeu de Apolo o desejo de viver eternamente. Porém, ao não pedir que mantivesse a juventude, ela acabou se tornando uma velha que queria desesperadamente morrer.

    Immanuel Kant disse que “se vale a pena viver e se a morte faz parte da vida, então morrer também vale a pena”. A morte é parte do ciclo natural. Na vida, todas as coisas têm um começo e um fim, e isso faz parte do que somos. Seres eternos vivendo em um mundo material seria uma verdadeira tragédia.

    Viva: A vida é uma festa!

    Um filme que aborda a morte de maneira sensível é Coco, da Pixar. Trata-se de um garoto chamado Miguel que, no Dia dos Mortos, acaba indo parar no mundo dos mortos e busca a ajuda de seu trisavô músico para voltar.

    Miguel vive em uma cidade fictícia, Santa Cecília, e sua mãe baniu a música da família por causa de um abandono. O conflito de Miguel com sua família e sua busca por ser músico conduz a história. No mundo dos mortos, ele descobre os laços familiares que o conectam ao passado.

    Este filme toca em temas importantes como a memória e a importância de lembrar daqueles que já se foram. Coco nos lembra que os que amamos continuam vivos em nossa memória, e a festa do Dia de Finados pode ser uma celebração da união familiar.

    Assistir a essa animação pode transformar sua visão sobre o Dia de Finados. Em vez de tristeza, você poderá sentir a alegria das lembranças e das celebrações familiares.

    Conclusão

    Finalmente, o Dia de Finados nos convida a refletir sobre a vida, a morte e a conexão com aqueles que já partiram. É uma oportunidade para lembrar que, embora a ausência seja dolorosa, o amor e as memórias permanecem. Celebre a vida e honre os que foram embora, mas também lembre-se que, enquanto estamos aqui, a vida é uma verdadeira festa.

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