A História Menos Conhecida da Bonus Army: Os 25.000 Veteranos que Marcharam Sobre Washington em 1932

    Durante a Grande Depressão, a situação nos Estados Unidos se tornava cada vez mais crítica. Em 1932, um pequeno grupo de veteranos da Primeira Guerra Mundial se reuniu em Portland, Oregon, e surgiu uma ideia: solicitar que o governo pagasse seus bônus de guerra, programados para 1945, de forma antecipada.

    Esse bônus ficou conhecido como o “Tombstone Bonus” (ou Bônus da Lápide), já que muitos veteranos acreditavam que não viveriam o suficiente para recebê-lo. Em meio ao desespero, com dificuldades para encontrar empregos e sustentar as famílias, eles decidiram lutar pelo que era seu por direito.

    Logo, essa iniciativa em Portland se espalhou. Os veteranos formaram o que chamaram de “Força Expedicionária do Bônus” ou “Bonus Army” e começaram a marchar em direção a Washington, D.C., recrutando outros homens pelo caminho. Ao todo, cerca de 25.000 homens, incluindo esposas e filhos, chegaram à capital do país para exigir seus pagamentos.

    Embora o governo inicialmente tolerasse sua presença, a tensão aumentou e a violência se instalou. Os veteranos foram forçados a deixar os locais onde se acampavam, e os acampamentos foram incendiados. Apesar de seus esforços, eles teriam que esperar mais quatro anos para finalmente receber seus bônus.

    A Chegada da “Força Expedicionária do Bônus” em Washington

    Na primavera de 1932, a pobreza e a desesperança estavam se espalhando pelo país, afetando muitos americanos. Para os veteranos da Primeira Guerra Mundial, a situação se tornava ainda mais frustrante. Em 1924, prometeram-lhes um bônus, mas o pagamento estava agendado só para 1945.

    Walter W. Waters, um veterano, propôs que eles viajassem a Washington, D.C., para exigirem seus bônus pessoalmente. Em pouco tempo, a ideia ganhou força, e ele organizou uma marcha com 400 veteranos. Essa mobilização cresceu, e até junho, mais de 1.000 pessoas estavam em D.C., muitas delas acompanhadas por suas famílias.

    O presidente Herbert Hoover orientou o envio de mantimentos e cobertores para os veteranos, mas não tinha intenção de adiantar os pagamentos. Os gastos com benefícios para veteranos ocupavam 25% do orçamento federal, e a situação econômica do país tornava difícil qualquer novo desembolso.

    Quando a Câmara dos Representantes aprovou um projeto para pagar os bônus de forma antecipada, Hoover ameaçou vetá-lo. E o Senado o rejeitou em 17 de junho. Enquanto alguns membros da Bonus Army decidiram voltar para casa, muitos permaneceram e outros chegaram, fazendo o número de manifestantes subir para até 25.000 em julho.

    O Conflito entre os Veteranos e o Governo

    As tensões aumentaram e, em 28 de julho de 1932, a situação se tornou violenta. Os veteranos reagiram atirando tijolos, e a polícia, ao tentar desocupar os espaços, encontrou resistência. Em resposta, Hoover ordenou que o Secretário de Guerra tomasse medidas para limpar a área.

    Douglas MacArthur e George Patton, figuras que se tornariam importantes na Segunda Guerra Mundial, receberam a tarefa de expulsar os veteranos. Os manifestantes, por sua vez, lutaram para manter sua posição. O governo utilizou tanques, gás lacrimogêneo, armas e outras táticas para desmantelar o acampamento.

    MacArthur ignorou as ordens do presidente para não escalar a situação e continuou a agir. A despeito da resistência dos veteranos, as forças do governo entraram nos acampamentos, onde um incêndio começou. Embora MacArthur tenha afirmado que não fora ele quem iniciou o fogo, a cena da cidade de barracos em chamas virou um símbolo da repressão do governo à Bonus Army.

    Esse incidente marcou o fim da resistência dos veteranos, que deixaram a cidade após a destruição de seus acampamentos.

    O Impacto Duradouro da Bonus Army

    Após a saída da Bonus Army, muitos políticos apoiaram as ações do governo. Hoover, por exemplo, alegou que a maior parte dos manifestantes não eram veteranos, mas sim “comunistas e pessoas com antecedentes criminais”. MacArthur reforçou essa narrativa, afirmando que apenas 10% dos marchantes eram veteranos.

    A reação pública foi dividida. Enquanto alguns jornais defendiam o presidente, outros viam a agressão contra veteranos desarmados como inaceitável. O impacto político foi significativo. Franklin D. Roosevelt, que se tornaria presidente mais tarde naquele ano, reconheceu o descontentamento popular e previu que a situação favoreceria sua candidatura.

    Embora Roosevelt tenha vetado um projeto de lei que visava pagar os bônus, o Congresso derrubou seu veto em 1936, e os veteranos finalmente foram pagos.

    A atuação da Bonus Army também teve uma consequência positiva. O movimento ajudou a inspirar a criação do “G.I. Bill”, uma legislação destinada a melhorar a assistência aos veteranos e incluir pagamentos para educação, seguro-desemprego e moradia.

    Conclusão

    A marcha da Bonus Army sobre Washington, D.C., é um capítulo importante e frequentemente esquecido da história americana. Os veteranos que lutaram bravamente na Primeira Guerra Mundial enfrentaram um tratamento desleal por parte do próprio governo depois que voltaram para casa. Essa luta refletiu a luta coletiva de muitos cidadãos em um tempo de grande crise.

    Nos lembretes dessa história, é crucial que continuemos a buscar a justiça social e o reconhecimento das contribuições feitas por aqueles que serviram ao país. A luta dos veteranos por seus direitos continua atual, refletindo um legado que deve ser lembrado e respeitado.

    Share.