O câncer de mama é uma preocupação importante de saúde pública no Brasil, com aproximadamente 74 mil novos casos diagnosticados anualmente, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Essa doença é mais comum em mulheres a partir dos 50 anos e é a principal causa de morte por câncer entre as mulheres em todo o mundo. A detecção precoce é fundamental para reduzir as taxas de mortalidade, mas a adesão a exames como a mamografia ainda é baixa no país. Isso ressalta a importância da campanha Outubro Rosa, que é focada na conscientização e prevenção do câncer de mama.
O presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Manoel Neri, destaca que a profissão de enfermagem conta com 85% de profissionais mulheres, que desempenham um papel vital na atenção básica à saúde. Ele enfatiza a responsabilidade de incentivar tanto mulheres quanto homens a cuidar de sua saúde e a realizarem os exames preventivos.
Entre 2010 e 2024, cerca de 248 mil mulheres no Brasil perderam a vida devido ao câncer de mama. Até 2025, são esperados mais de 73 mil novos diagnósticos. Embora o envelhecimento da população seja um fator de risco, muitos óbitos ocorrem de forma precoce. Dados do Ministério da Saúde mostram que, nos últimos 14 anos, cerca de 167 mil mortes de mulheres de 30 a 69 anos foram registradas, abrangendo diferentes etnias.
A mamografia é a forma mais eficaz de rastrear o câncer de mama, pois consegue identificar nódulos e calcificações em estágios iniciais. Entretanto, a cobertura desse exame no país é de apenas 24%, significativamente abaixo dos 70% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Portanto, o acesso a esses serviços de saúde ainda apresenta desigualdades.
O Coordenador da Câmara Técnica de Enfermagem em Saúde da Mulher do Cofen, Renné Costa, ressalta a importância da atuação dos profissionais de enfermagem na orientação das mulheres sobre exames preventivos, como mamografias e autoexames. Essas práticas são cruciais para a detecção precoce do câncer, aumentando as chances de tratamento bem-sucedido.
Os hábitos de vida saudáveis, como uma alimentação equilibrada, a prática regular de atividade física e o controle do peso corporal, podem evitar até 17% dos casos de câncer de mama. No entanto, fatores como sedentarismo e consumo de álcool aumentam a vulnerabilidade, tornando a conscientização sobre a prevenção ainda mais essencial.
Até setembro deste ano, o Ministério da Saúde recomendava a mamografia somente para mulheres entre 50 e 69 anos. Com o aumento dos casos em mulheres mais jovens, o exame foi disponibilizado para demandas de mulheres de 40 a 49 anos, conforme orientação médica e vontade da paciente. Para aquelas entre 50 e 74 anos, a mamografia deve ser realizada a cada dois anos. Para mulheres acima de 74 anos, a decisão deve levar em conta a saúde geral e outras condições médicas.
Embora o autoexame possa auxiliar na identificação de alterações nas mamas, ele não substitui a mamografia. É fundamental procurar orientação médica especializada.
No mês de outubro, ocorre o Outubro Rosa, uma campanha que reforça a importância da prevenção, detecção precoce e tratamento do câncer de mama e do colo do útero, que são grandes causas de morbidade e mortalidade entre mulheres no país. Durante este mês, a sede do Cofen, em Brasília, está iluminada de rosa para chamar a atenção da população para essa causa.
O Dia Mundial de Combate ao Câncer de Mama é celebrado em 19 de outubro como parte dessa campanha, com foco na conscientização e diagnóstico precoce.
Em relação ao câncer de colo do útero, que é frequentemente causado pela infecção persistente pelo HPV (vírus transmitido sexualmente), a vacinação é a melhor forma de prevenção. Recentemente, o Ministério da Saúde anunciou que começará a substituir gradualmente o exame Papanicolau pelo teste molecular de DNA-HPV, que é recomendado pela OMS como principal método de rastreamento. Esse novo exame, destinado a mulheres de 25 a 64 anos, promete maior precisão na detecção de alterações antes que os sintomas se manifestem.