Pesquisadores da Icahn School of Medicine, em Nova York, desenvolveram uma nova maneira de proteger as células beta, que produzem insulina, dos efeitos prejudiciais da glucolipotoxicidade. Essa condição está relacionada à evolução do diabetes tipo 2 (T2D). Essas descobertas podem resultar em tratamentos inovadores que visam a disfunção das células beta.
Para os pacientes, essa pesquisa pode trazer novos tratamentos que protejam as células produtoras de insulina no pâncreas. Isso pode ralentizar ou até evitar a progressão do diabetes, diminuindo a necessidade de terapia com insulina e melhorando o controle da glicose no longo prazo. Diferente das terapias atuais, que apenas controlam os níveis de açúcar no sangue, essa nova abordagem pode atacar diretamente a perda das células beta, o que pode resultar em melhores resultados para os pacientes.
“É um avanço empolgante na nossa compreensão da proteção das células beta e na prevenção da piora do diabetes,” afirmou Liora S. Katz, PhD, professora associada de Medicina. “Finalmente mostramos que é possível usar pequenas moléculas para ajustar a atividade da proteína de ligação do elemento de resposta a carboidratos (ChREBP) de uma maneira que pode ter grandes implicações terapêuticas.”
Mais de 500 milhões de pessoas no mundo vivem com diabetes, uma doença que se caracteriza por níveis elevados de açúcar no sangue, devido à resistência à insulina e/ou falhas nas células beta. No T2D, a exposição contínua a altos níveis de glicose e ácidos graxos (glucolipotoxicidade) pode levar à disfunção e morte das células beta.
O ChREBP é um fator de transcrição que tem um papel crucial na regulação do metabolismo da glicose. Ele tem duas formas principais: ChREBPα e ChREBPβ. Este é o primeiro estudo que identificou e desenvolveu pequenas moléculas, chamadas de “colas moleculares”, que aumentam a interação entre ChREBPα e as proteínas 14-3-3 nas células beta do pâncreas.
Essas colas moleculares aumentam a ligação entre as proteínas 14-3-3 e o ChREBPα, que fica ancorado no citoplasma da célula beta por essas proteínas. Sob condições de glucolipotoxicidade, o ChREBPα entra no núcleo e começa a produzir em excesso o ChREBPβ, que desativa e até elimina as células beta do paciente. Com o uso de uma cola molecular que aumenta a ligação do ChREBPα com as proteínas 14-3-3, o ChREBPα não sai do citoplasma, não entra no núcleo, e, portanto, não produz o ChREBPβ.
Quando testadas em células beta humanas, essas colas moleculares reduziram significativamente os efeitos tóxicos da glucolipotoxicidade. Isso ajuda a preservar a função e a identidade das células beta. Essa descoberta representa uma grande mudança na pesquisa sobre diabetes, já que fatores de transcrição como o ChREBP sempre foram considerados alvos difíceis de tratar. O estudo também destaca o potencial das colas moleculares para regular interações semelhantes em outras doenças.
“Nossos achados sugerem uma nova estratégia para preservar a função das células beta no diabetes,” afirmou Donald K. Scott, PhD, professor de Medicina. “Essa abordagem pode complementar os tratamentos existentes para diabetes e ajudar na prevenção da progressão da doença.”
Os pesquisadores estão agora aperfeiçoando esses compostos e avaliando seu potencial para uso clínico. As próximas etapas focarão na otimização das colas moleculares para uso terapêutico e em testes em modelos pré-clínicos de diabetes.
Esse estudo foi realizado em colaboração com equipes de pesquisa da Eindhoven University of Technology, na Holanda, e da University of Duisburg-Essen, na Alemanha. O trabalho contou com apoio dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) e com financiamento da União Europeia. Isso mostra o esforço colaborativo internacional em busca de soluções para o diabetes.
Cuidar do diabetes é um desafio, e essa descoberta pode impactar a forma como lidamos com a doença no futuro. Os avanços em tratamentos que buscam proteger as células beta são um sinal positivo para pacientes e médicos. Além disso, o otimismo surge ao ver que novas abordagens podem mudar o panorama do tratamento. Quando as pesquisas forem levadas para a prática clínica, isso poderá melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas.
Finalmente, é importante ressaltar que a luta contra o diabetes é uma prioridade. Com mais de meio bilhão de pessoas afetadas, a necessidade de novas estratégias de tratamento nunca foi tão urgente. Espera-se que os próximos passos na pesquisa tragam melhores resultados e ajudem a controlar essa condição de forma mais eficaz.
