Em 2019, a Netflix lançou a série antológica “Criminal”, que apresenta um drama policial com foco em salas de interrogatório. Em vez de cenas de ação e perseguições, a trama se concentra na tensão psicológica e no jogo de poder entre policiais e suspeitos, atraindo um público que aprecia histórias de investigação centradas em personagens. A série se destaca por apresentar protagonistas femininas fortes e estratégicas.

    Um Novo Tipo de Drama Policial

    Diferente de outras produções que mostram investigações nas ruas e cenas de crime, “Criminal” foca no momento decisivo em que acusados e investigadores se encontram cara a cara. A proposta da série é semelhante à de “Mindhunter”, mas adota um estilo ainda mais minimalista, criando uma atmosfera que remete ao teatro. Cada episódio é quase independente, com uma narrativa centrada em um caso específico, onde o crime já ocorreu e o principal objetivo é descobrir os motivos que levaram à sua prática e como a verdade é revelada.

    Formato Internacional

    Outra característica interessante de “Criminal” é seu formato internacional, com versões gravadas em quatro países: Reino Unido, França, Espanha e Alemanha. Cada versão traz casos distintos, além de elencos e línguas diferentes, mas mantém o mesmo ambiente e a lógica de investigação. Essa diversidade reforça a ideia de que a psicologia do interrogatório é uma constante, mesmo que os contextos legais e sociais variem. Os episódios tocam em questões locais, como imigração e tensões políticas, revelando como o mesmo método de interrogatório se adapta a realidades variadas.

    A Psicologia do Interrogatório

    O drama da série é sustentado pelas estratégias utilizadas pelos personagens durante os interrogatórios, que vão do acolhimento ao confronto. Os temas explorados incluem culpa, vergonha, proteção familiar e medo de punição, evidenciando como pessoas reagem sob pressão em um ambiente controlado. Ao invés de recorrer a efeitos especiais, a produção se apoia em perguntas incisivas, contradições sutis e mudanças na linguagem corporal. Muitas cenas se assemelham a peças teatrais, onde pequenos detalhes como um olhar desviado ou uma pausa prolongada podem alterar o desfecho da história.

    Para tornar essas dinâmicas mais claras para o espectador, a série utiliza algumas táticas de manipulação e observação:

    • Controle do espaço: A temperatura da sala, a oferta de água e o tempo de espera influenciam o interrogatório.
    • Dinâmica de dupla: Normalmente, dois investigadores têm papéis distintos, um sendo mais empático e outro mais rígido.
    • Conflitos internos: Diferenças de opinião entre os membros da equipe sobre a melhor abordagem adicionam realismo à narrativa.

    Público Feminino e Representação

    “Criminal” atrai especialmente o público feminino, que demonstra um interesse por narrativas que enfatizam inteligência, habilidade emocional e complexidade psicológica. As protagonistas femininas não são apenas investigadoras; elas conduzem interrogatórios, lideram equipes e desenvolvem estratégias com confiança. Cada versão da série apresenta personagens femininas que são assertivas, mas também têm suas próprias contradições e desafios, evitando estereótipos simplificados.

    Os principais pontos que emergem sobre a representatividade feminina na série incluem:

    • Cargos de liderança: As personagens femininas ocupam posições de destaque na polícia.
    • Abordagens racionais: Elas resolvem situações utilizando mais a inteligência do que a força física.
    • Complexidade emocional: As protagonistas possuem falhas e enfrentam dilemas éticos, o que as torna mais humanas.

    Essas características fazem de “Criminal” uma série atraente, que não apenas entretém, mas também provoca reflexões sobre o papel da mulher em contextos de poder e responsabilidade.

    Share.