Cientistas Descobrem Papel Protetor da Midkine na Doença de Alzheimer
Pesquisadores do Hospital de Pesquisa Infantil St. Jude descobriram que a proteína chamada midkine pode ajudar a prevenir a doença de Alzheimer. Essa proteína é conhecida por se acumular em pacientes com Alzheimer, e agora os cientistas ligaram essa substância a outra proteína chamada beta-amiloide, que se acumula no cérebro e causa formações que indicam a doença.
Em um estudo publicado no dia 21 de agosto, os pesquisadores mostraram que a midkine impede que a beta-amiloide se agregue, aumentando a formação de emaranhados. Eles observaram que modelos experimentais da doença de Alzheimer sem a midkine apresentaram maior acúmulo de beta-amiloide. Esses resultados abrem um caminho para entender melhor como a midkine pode ajudar a evitar a doença e também para desenvolver novos tratamentos.
Midkine e sua Função na Doença de Alzheimer
A midkine é uma proteína de crescimento pequena e multifuncional, que aparece durante o desenvolvimento embrionário e também é importante para o crescimento celular normal. Quando há um câncer, a midkine pode ser produzida em excesso. Embora alguns estudos iniciais tenham mostrado um aumento da midkine em pacientes com Alzheimer, sua relação com a doença ainda era pouco clara.
O autor principal do estudo, Junmin Peng, e sua equipe usaram várias técnicas, como testes de fluorescência, microscopia eletrônica e ressonância magnética nuclear, para investigar a função da midkine na doença de Alzheimer. Eles verificaram que a midkine e a beta-amiloide apresentavam um padrão semelhante ao nível das proteínas.
Peng comentou que apenas observar a correlação entre as proteínas não é suficiente. Eles precisavam mostrar que realmente havia interação entre as duas. Para isso, utilizaram um sensor fluorescente para a beta-amiloide, chamado tioflavina T. Essa técnica mostrou que as formações estavam se desfazendo na presença da midkine.
Descobertas sobre o Crescimento das Agregações de Beta-Amiloide
Os dados mostraram que a midkine inibe o alongamento da beta-amiloide e também a nucleação secundária, que são dois estágios essenciais na formação das agregações. As descobertas foram confirmadas com a ressonância magnética nuclear.
Peng comentou que, uma vez que as agregações de beta-amiloide crescem, o sinal do sensor se torna fraco até desaparecer, pois a técnica analisa apenas moléculas pequenas. Entretanto, ao adicionar a midkine, o sinal voltava, indicando que ela inibe as grandes agregações.
Os pesquisadores também usaram modelos de camundongos que têm níveis elevados de beta-amiloide. Quando o gene da midkine foi removido, o acúmulo da beta-amiloide aumentou ainda mais. Esses resultados mostram o papel protetor que a proteína exerce contra a doença de Alzheimer.
Caminhos para Novos Tratamentos
O estudo abre novas possibilidades para a descoberta de medicamentos, ao identificar o papel protetor da midkine. Peng enfatizou que o foco agora é entender como essa proteína se liga à beta-amiloide, para que seja possível criar pequenas moléculas com a mesma função. “Com esse trabalho, esperamos oferecer estratégias para futuros tratamentos”, afirmou.
Colaboradores da Pesquisa
Os co-autores correspondentes do estudo incluem Yang Yang, do Van Andel Institute, e Ping-Chung Chen, do St. Jude. Os primeiros autores são Masihuz Zaman, Shu Yang e Ya Huang, todos do St. Jude. Outros colaboradores incluem Geidy Serrano e Thomas Beach, do Banner Sun Health Research Institute; Gang Yu, da Universidade do Texas Southwestern; e Jay Yarbro, Yanhong Hao, dentre outros.
Financiamento do Estudo
A pesquisa foi apoiada por várias organizações, como os Institutos Nacionais da Saúde, o Departamento de Saúde do Arizona, a Comissão de Pesquisa Biomédica do Arizona, a Fundação Michael J. Fox para a Pesquisa do Parkinson e a ALSAC, que é a entidade responsável por arrecadar fundos para o St. Jude.
Essa descoberta é um passo importante na luta contra o Alzheimer e pode trazer novas esperanças para terapias que ajudem a prevenir ou tratar a doença. O conhecimento adquirido sobre a midkine pode ser fundamental para futuras investigações e tratamentos voltados para melhorar a qualidade de vida de quem vive com Alzheimer.