Nos últimos anos, a medicina tem mostrado avanços que podem parecer saída de um filme de ficção científica. Pesquisas recentes têm explorado desde o uso de órgãos de animais para transplantes em humanos até a aplicação de inteligência artificial (IA) em todos os níveis do processo de pesquisa médica. Essas inovações estão se mostrando valiosas e podem salvar vidas, de acordo com o biólogo Helder Nakaya, pesquisador do Hospital Israelita Albert Einstein e professor da Universidade de São Paulo (USP). Ele destaca que a área da saúde está sendo transformada pela IA, com novidades surgindo a cada semana.

    As novas tecnologias têm avançado principalmente na área de diagnósticos. No entanto, Nakaya lembra que o papel humano ainda é essencial. “Um diagnóstico médico envolve mais do que dados; inclui contextos, interações e sinais sutis”, explica. A IA, embora precisa, ainda deve ser vista como uma ferramenta que complementa o trabalho dos médicos, e não como um substituto.

    A seguir, apresentamos quatro inovações científicas de 2025 que prometem impactar a saúde de forma significativa.

    1. Xenotransplante de Rim de Porco

    Um dos principais desafios na medicina é a escassez de doadores de órgãos, especialmente rins. No Brasil, cerca de 44 mil pessoas aguardam por um transplante de rim, segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes. Para tentar solucionar essa questão, pesquisas estão utilizando órgãos de porcos geneticamente modificados, técnica conhecida como xenotransplante. Estudos recentes mostraram que é possível reduzir a rejeição desses órgãos produzidos de forma animal.

    Um estudo publicado na revista New England Journal of Medicine revelou técnicas que melhoram a integração do rim de porco ao corpo humano. A pesquisa, que contou com a participação de médicos brasileiros, utiliza ferramentas avançadas de edição genética para aprimorar a compatibilidade dos órgãos.

    2. IA que Cria Remédios

    Outra inovação importante ocorreu em julho, quando um estudo da revista Nature Medicine destacou a capacidade de uma IA em identificar alvos terapêuticos para tratar a fibrose pulmonar idiopática. Neste caso, a IA não só sugeriu a proteína a ser atacada, como também desenhou a molécula necessária para combatê-la.

    Os testes, que envolveram 71 pessoas durante 30 meses, mostraram resultados promissores. Apesar de a IA ter liderado o processo de criação, a supervisão humana foi fundamental, garantindo a qualidade e segurança do estudo.

    3. Prognóstico Tecnológico

    Uma nova ferramenta de IA foi desenvolvida para prever a progressão de doenças utilizando grandes conjuntos de dados. Apresentado em setembro na revista Nature Medicine, esse sistema funciona de maneira similar ao ChatGPT, mas analisa eventos de saúde em vez de palavras. Cada diagnóstico ou condição clínica é tratado como um “token”, permitindo ao modelo aprender sobre a sequência de eventos na vida dos pacientes.

    Esse sistema pode prever quais doenças um paciente tem mais chances de desenvolver e em que prazo, ajudando médicos e pesquisadores a planejar intervenções e estratégias de prevenção.

    4. Leitura de Mentes?

    Uma pesquisa inovadora, publicada na revista Science Advances, analisou sinais cerebrais para criar descrições de pensamentos. O estudo utilizou mapas de ativação cerebral para prever o que os voluntários estavam imaginando, sem, no entanto, acessar pensamentos íntimos.

    Os pesquisadores ressaltam que essa técnica não é uma forma de ler mentes, mas sim uma maneira de traduzir respostas cerebrais a estímulos específicos em descrições compreensíveis.

    Essas inovações representam avanços significativos que podem moldar o futuro da medicina, oferecendo novas possibilidades para diagnósticos e tratamentos. As pesquisas continuam, prometendo trazer mudanças revolucionárias para a saúde das pessoas.

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