Durante uma visita a uma parte recém-excavada da antiga cidade grega de Olímpia, nos anos 60, uma turista alemã avistou um objeto que a interessou. Ela pegou um fragmento de coluna, o trouxe de volta para a Alemanha e manteve-o por mais de cinquenta anos. Recentemente, após ler sobre o retorno de outros artefatos, decidiu devolver sua “lembrança” aos oficiais gregos.
Esse fragmento, conhecido como capital, é uma peça importante da história de Olímpia, onde ocorreram os primeiros Jogos Olímpicos. As autoridades gregas elogiaram a atitude da mulher, considerando sua coragem e sensibilidade ao devolver o item.
### A História do Relicário Grego
Conforme divulgado pelo Ministério da Cultura grego, a turista pegou o fragmento na década de 1960, enquanto visitava Olimpíada. Na época, o Leonidaion, um local para atletas olímpicos e figuras importantes, estava sendo escavado. Durante a visita, a mulher apropriou-se do capital.
Ela levou a capital iônica, feita de calcário e com cerca de 25 cm de altura e 30 cm de largura, de volta para sua casa na Alemanha. Após cinco décadas, inspirada pelo retorno de outros objetos pela Universidade de Münster, ela decidiu doar a capital para que pudesse ser devolvida.
A universidade contatou as autoridades gregas para entregar o antigo artefato.
Georgios Didaskalou, o Secretário Geral de Cultura, comentou que este é um momento emocionantes. Ele destacou que a cultura e a história superam fronteiras e que atos como esse ajudam a restaurar a justiça e criam laços de amizade entre os povos.
O Ministério da Cultura da Grécia e a Universidade de Münster têm colaborado em várias repatriações de objetos. Em 2019, a universidade devolveu o “skyphos de Louis”, uma taça antiga do século VI a.C., que foi dada a Spyros Louis, vencedor da primeira maratona olímpica moderna. Em 2024, devolveram um busto de mármore da era romana, que estava em um cemitério em Tessalônica.
Dr. Torben Schreiber, curador do Museu Arqueológico da Universidade de Münster, observou que nunca é tarde para fazer o que é certo. Esse fragmento de coluna é apenas mais um exemplo de um número crescente de antigos objetos que estão retornando para suas terras de origem.
### A Larga História de Relíquias Roubadas
O retorno da capital pela turista se insere em uma tendência maior de restituir objetos ao seu lugar de origem. Muitas dessas peças são antigas e, assim como a capital retirada do Leonidaion, foram levadas por turistas.
Nos anos 2000, por exemplo, uma canadense visitou Pompéia e roubou diversos artefatos, como partes de uma ânfora, azulejos de mosaico e um pedaço de cerâmica. Diferente da alemã, que retornou sua lembrança por ética, a canadense devolveu por crer que os itens a estavam “amaldiçoando”.
Ela retornou os objetos em 2020, alegando que eles traziam “uma energia negativa” associada àquela terra devastada.
Recentemente, um mosaico erótico que foi roubado por um oficial nazista durante a Segunda Guerra Mundial foi devolvido por seus herdeiros. Essa peça tinha sido mantida em uma coleção particular por mais de 80 anos.
Não são apenas relíquias europeias as que estão sendo restituídas. Em 2019, a Universidade Estadual de Michigan retornou uma múmia de 500 anos à Bolívia após mais de cem anos em seu campus. Em 2022, Harvard entregou o cachimbo do Chefe Standing Bear à tribo Ponca.
Para muitos, a tentação de levar objetos de ruínas antigas é grande, seja de turistas, soldados ou antropólogos. Porém, essas peças são partes de histórias culturais e históricas, e removê-las significa tirar um pedaço do contexto maior do local.
### Conclusão
O ato da mulher alemã em devolver a relíquia roubada é um lembrete da importância de respeito pelo patrimônio cultural. Ao restituir esses objetos, contribuímos para a preservação de histórias, tradições e legados de nossas civilizações.