Com o término do Outubro Rosa, hoje se inicia o Novembro Azul, uma campanha importante para a conscientização sobre o câncer de próstata. O foco desta iniciativa é claro: proporcionar informação, promover o diagnóstico precoce e melhorar o acesso ao tratamento, visando a redução de mortes pela doença.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de próstata é um dos mais comuns no país. Estima-se que, entre 2023 e 2025, cerca de 71 mil novos casos sejam diagnosticados anualmente, tornando essa doença uma preocupação significativa de saúde pública. No mundo todo, a expectativa é que o número de casos aumente nas próximas décadas, especialmente devido ao envelhecimento da população. Sem intervenções efetivas, essas estatísticas podem resultar em um número crescente de óbitos.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece um conjunto de exames para a detecção da doença, incluindo o exame de PSA e o toque retal, com a confirmação por meio de biópsia. Além disso, o Ministério da Saúde e o INCA fornecem diretrizes sobre diagnósticos e tratamentos, que podem incluir cirurgia, radioterapia, hormonioterapia e cuidados paliativos. Contudo, na prática, as desigualdades regionais tornam-se um desafio, com variações no tempo de espera para biópsias e dificuldades no acesso a exames como a ressonância magnética e ao tratamento especializado.
Entre os pontos positivos, o SUS garante tratamento gratuito para pacientes oncológicos e possui diretrizes nacionais que orientam a atenção oncológica. Entretanto, problemas como a subdetecção em áreas remotas, a lentidão no diagnóstico, além da limitação em cirurgias e radioterapia em certos estados, ainda persistem. A falta de programas focados no acompanhamento do paciente também contribui para o abandono do tratamento. Além disso, a fragmentação entre a atenção primária e os serviços especializados dificulta a trajetória do paciente em busca de cuidados.
No Congresso Nacional, há iniciativas em andamento para aumentar a conscientização e ações no combate ao câncer de próstata. Propostas recentes sugerem mudanças no Programa Nacional de Controle do Câncer de Próstata, como ampliação das campanhas de prevenção e proteção ao trabalhador. Um exemplo é o Projeto de Lei 687/2024, que visa ações de divulgação e assistência. Embora essas ações indiquem progresso, ainda é necessário planejamento e recursos orçamentários para implementá-las.
É essencial que as políticas públicas priorizem o fortalecimento da atenção primária, que é a primeira porta de entrada para a saúde. Para isso, é fundamental aumentar o número de equipes de urologia e ampliar a disponibilidade de exames de imagem. Além disso, a cura deve se basear em protocolos de triagem por risco, evitando diagnósticos exagerados ou subdiagnósticos, que podem levar a tratamentos inadequados.
Programas educativos para homens, que ajudem a romper o estigma e as barreiras culturais que inibem a busca por cuidados médicos, também são importantes. Sem essas ações, o aumento previsto na carga global do câncer de próstata pode resultar em mais mortes que poderiam ser evitadas.
