A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo fez um alerta sobre o aumento de picadas de escorpiões durante o verão. Com a chegada do calor e a época de férias, os acidentes envolvendo esses aracnídeos se tornam mais frequentes. Até a última sexta-feira, foram registrados 40.282 casos de picadas e duas mortes relacionadas a escorpiões em 2025.
De acordo com Gisele Freitas, diretora técnica da Divisão de Zoonoses do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), os escorpiões ficam mais ativos nas altas temperaturas. Eles se adaptaram ao ambiente urbano, onde encontram facilmente comida, como baratas, além de água e abrigos.
Esses animais costumam se esconder em locais como entulhos, restos de obras, conduítes elétricos, muros sem reboco, lixo e caixas de brinquedos. Os acidentes normalmente ocorrem quando as pessoas mexem nesses lugares, e os escorpiões podem sair de seus esconderijos em busca de alimento.
A maioria das picadas causa sintomas leves, mas em casos mais graves, os afetados podem sentir dor intensa, ardência, inflamação, vômitos, sudorese, agitação e aumento da frequência cardíaca e respiratória. Gisele Freitas ressalta que crianças e idosos são os grupos mais vulneráveis a consequências sérias. As crianças são mais afetadas pois têm um sistema imunológico ainda em desenvolvimento, enquanto os idosos costumam ter mais problemas de saúde.
Ela orienta que o atendimento a esses grupos deve ser rápido. Casos de picadas em crianças menores de 10 anos são considerados muito graves e necessários de assistência imediata, pois podem evoluir rapidamente para situações mais complicadas.
Para tratar picadas de escorpiões, o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece antivenenos gratuitamente. O estado conta com 232 Pontos Estratégicos de Soro Antiveneno (PESAs), onde o atendimento é facilitado na tentativa de reduzir o tempo entre o acidente e a assistência médica.
O que fazer após a picada
Para adultos:
- Lave o local da picada com água e sabão e observe os sintomas.
- Procure atendimento em um ponto estratégico caso surjam vômitos ou piora dos sinais.
- Geralmente, as picadas são leves e não requerem antiveneno, sendo necessário em casos moderados (três ampolas) ou graves (seis ampolas).
- Se não viu o escorpião, mas os sintomas apareçam em local com histórico do animal, busque atendimento e informe a suspeita.
Para crianças até 10 anos:
- O acidente é sempre considerado grave, mesmo sem outros sintomas. Leve a criança imediatamente a um ponto de saúde.
- A dor intensa súbita é o principal sinal — a criança pode chorar muito e não conseguir se explicar.
- Caso não tenha visto o escorpião, mas a dor esteja presente, procure atendimento e mencione a suspeita.
Para idosos:
- Eles também precisam de atendimento rápido por causa de sua maior fragilidade.
Gisele Freitas comenta que tirar fotos do escorpião ajuda na identificação da espécie. Em São Paulo, os mais comuns são o escorpião-amarelo (Tityus serrulatus), o escorpião-marrom (Tityus bahiensis) e o amarelo do nordeste (Tityus stigmurus). O escorpião-negro da Amazônia não está presente no estado. Se você se sentir seguro, pode capturar o escorpião com uma pinça ou um recipiente.
Como prevenir
Infelizmente, não existe um veneno eficaz para eliminar escorpiões de forma definitiva. A melhor forma de prevenção é evitar que eles encontrem abrigo e alimento em casa. Aqui estão algumas dicas:
- Mantenha quintais e jardins limpos.
- Retire entulhos e restos de obras.
- Vede frestas em portas, ralos, pias, tanques, chuveiros e passagens de fios.
- Revire roupas e calçados antes de usá-los.
- Limpe frequentemente caixas e brinquedos, onde os escorpiões podem se esconder.
