A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo emitiu um alerta sobre o aumento no número de acidentes envolvendo escorpiões, especialmente durante o verão, quando as temperaturas altas e as férias contribuem para essa ocorrência. Até o dia 5 de janeiro de 2025, foram registrados 40.282 casos de picadas e duas mortes relacionadas a escorpiões no estado.

    De acordo com Gisele Freitas, diretora técnica da Divisão de Zoonoses do Centro de Vigilância Epidemiológica, os escorpiões tornam-se mais ativos em períodos de calor. Esses animais se adaptaram bem ao ambiente urbano, onde encontram abrigo, alimento, como baratas, e água.

    Os escorpiões costumam se esconder em locais como entulhos, restos de obras, jardins, conduítes elétricos, muros sem reboco, lixo e caixas de brinquedos. Os acidentes frequentemente ocorrem quando pessoas mexem nesses locais, sobem em redes elétricas ou quando os escorpiões saem em busca de alimento.

    Embora a maior parte das picadas seja leve, alguns casos podem apresentar sintomas graves. Os sinais mais comuns em situações severas incluem dor intensa no local da picada, ardência, inflamação, vômitos, sudorese excessiva, agitação, e aumento dos batimentos cardíacos e da respiração.

    Gisele Freitas destaca que os idosos e crianças são os grupos mais vulneráveis a reações mais severas. Isso ocorre porque o corpo das crianças ainda está em desenvolvimento, sendo assim mais suscetível aos efeitos do veneno. Já os idosos costumam ter mais problemas de saúde, o que os torna mais frágeis. O peso da pessoa também influencia a gravidade da picada, uma vez que em corpos menores a concentração de veneno é maior.

    É essencial que o atendimento para crianças e idosos seja imediato após a picada. Freitas alerta que acidentes com crianças de até 10 anos podem ser extremamente graves e até fatais em pouco tempo, por isso é fundamental buscar ajuda rapidamente. O Sistema Único de Saúde oferece, gratuitamente, antiveneno para o tratamento de picadas de escorpiões. São Paulo conta com 232 Pontos Estratégicos de Soro Antiveneno, que visam diminuir o tempo entre a picada e o atendimento.

    O que fazer após uma picada

    Para adultos:

    1. Lave o local afetado com água e sabão e observe os sintomas.
    2. Procure um ponto estratégico se houver sinais de piora, como vômitos.
    3. A maioria dos casos é leve e não requer antiveneno, que só é utilizado em situações moderadas ou graves.
    4. Se não viu o escorpião, mas apresenta sintomas em uma área com registros de escorpiões, busque atendimento e informe a suspeita.

    Para crianças até 10 anos:

    1. Leve a criança imediatamente a um ponto de saúde, mesmo que não haja sintomas aparentes.
    2. O principal sinal de alerta é dor intensa, que pode fazer a criança chorar sem conseguir explicar.
    3. Novamente, se houver dor, mesmo sem a visualização do escorpião, o atendimento deve ser buscado.

    Para idosos:

    1. Também devem buscar atendimento imediatamente devido à fragilidade do organismo.

    Gisele Freitas sugere a fotografia do escorpião, se possível, para identificação da espécie. Em São Paulo, são comuns o escorpião-amarelo, o marrom e o amarelo do nordeste. O escorpião-negro da Amazônia não é encontrado no estado. A captura do animal deve ser feita com cuidado, usando pinças ou colocando-o sob um recipiente, caso a pessoa se sinta segura para isso.

    Como prevenir picadas de escorpiões

    Prevenir a presença de escorpiões é fundamental, pois não há veneno eficaz para eliminá-los. A prevenção envolve impedir que eles encontrem abrigo e alimento dentro ou nas proximidades das casas. Algumas recomendações de prevenção são:

    • Manter quintais, jardins e áreas externas limpos.
    • Remover entulhos e restos de obras.
    • Vedar frestas em portas, ralos, pias e chuveiros.
    • Sacudir roupas e sapatos antes de usar.
    • Limpar com frequência caixas e brinquedos que possam abrigar os animais.

    Essas práticas podem ajudar a manter as casas mais seguras e reduzir o risco de acidentes com escorpiões.

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